Interface Homem- Máquina

 

O que é:

 

1- PORTUGAL, Cristina. Educação a distância: o design como agente do "diálogo" mediado pelas interfaces computacionais. Retirado de: //www.pr.gov.br/batebyte/edicoes/1997/bb69/interfac.htm

No dicionário Houaiss encontramos o seguinte significado para interface computacional é: "elemento pelo qual o usuário interage com um programa ou sistema operacional". Interação é: "influência mútua de órgãos ou organismos inter-relacionados; ação recíproca de dois ou mais corpos; atividade ou trabalho compartilhado, em que existem trocas e influências recíprocas; comunicação entre pessoas que convivem; diálogo, trato, contato; intervenção e controle, feitos pelo usuário, do curso das atividades num programa de computador, num CD-ROM etc".


2- Material da Disciplina: Interface Homem-Máquina, Professor: Glauco Henrique Freitas. Universidade salgado de Oliveira.

(... considera-se a interface não só o meio físico que separa duas entidades distintas -- homem e computador -- em seu processo de comunicação; ela funciona como um mediador que suprime as deficiências de cada entidade ao longo da interação. Assim, a interface não deve possuir apenas coerência visual, mas, principalmente, dispositivos que aliviem a carga cognitiva do usuário, envolvendo, portanto, conhecimento sobre a maneira como as pessoas resolvem problemas. Poderia-se ainda definir interface humano-computador como sendo a parte de um sistema interativo responsável por traduzir ações do usuário em ativações das funcionalidades do sistema, permitindo que os resultados possam ser observados e a interação devidamente coordenada.)


“Interface e Interação: uma distinção importante


Inter-face é toda a porção de um sistema com a qual um usuário mantém contato ao utilizá-lo, tanto ativa quanto passivamente. A interface engloba tanto software quanto hardware.


Inter-ação é mais do que imagem, é um conceito mais profundo que o conceito de interface. A interação pode ser vista como o processo de comunicação entre pessoas e sistemas computacionais. Neste processo, usuário e sistema trocam turnos em que um fala e o outro ouve, interpreta e realiza uma ação. Esta ação pode ser tão simples quanto dar uma resposta imediata à fala do outro, ou consistir de operações complexas que alternam o estado do mundo. A área de IHC estuda este processo principalmente do ponto de vista do usuário: as ações que ele realiza usando a interface de um sistema, e suas interpretações das respostas transmitidas pelo sistema através da interface.

História

A preocupação com a chamada engenharia de fatores humanos1 começou durante a Segunda Guerra Mundial. Na década de 40, os pilotos da Força Aérea Americana tiveram muitos acidentes atribuídos a erros do piloto. O governo americano contratou, então, um grupo de psicólogos para estudar os pilotos e descobrir o que havia de errado com eles. Depois de testes e observações, os psicólogos concluíram que não havia nada de errado com os pilotos, o problema era com o projeto dos aviões.

Por muitos anos, as pessoas foram condicionadas a atribuir a maioria dos acidentes a erros humanos, e levou-se muito tempo para descobrir que estes erros poderiam ser causados pela maneira como se projetava o equipamento que estava sendo utilizado. Naquela época, o piloto voava em vários tipos de aviões existentes. Havia então muitas inconsistências nos projetos dos controles nos painéis de cada avião e, segundo os psicólogos, deveriam ter ocorrido muito mais acidentes do que de fato aconteceram. Essa preocupação com o lado humano de um sistema difundiu-se nas mais diversas áreas, inclusive na Ciência da Computação.


Na década de 70, um grupo de pesquisas em usabilidade de software da IBM reforçou o enfoque que deveria ser dado ao usuário durante o desenvolvimento de sistemas interativos. Vários trabalhos começaram a aparecer, recomendando que usuários típicos fizessem parte da equipe de projeto de software. Esta abordagem ficou conhecida como projeto participativo.


No que se refere a projetar um software amigável, o que temos de mais próximo a O Nascimento de uma Nação2 é o VisiCalc, lançado em 1978. Embora já existissem outros pacotes financeiros nessa época, o VisiCalc se tornou um sucesso instantâneo e inesperado, marcando um avanço no seu tempo. A razão pela qual o VisiCalc foi bem-sucedido é porque o seu projeto era amigável num nível fundamental.

Na década de 80, vários trabalhos davam um enfoque maior ao projeto de sistemas centrados no usuário3. Atualmente, diversos periódicos da área de computação têm dedicado números inteiros à divulgação de pesquisa em IHC (Interação Humano-Computador). A partir do final da década de 80, vários encontros, conferências, workshops, têm abordado o assunto. A maior conferência mundial na área é a CHI4 (Conference on Human Factors in Computing Systems).


Nos Estados Unidos, o SIGCHI (Special Interest Group in Computers and Human Interaction) é um dos maiores grupos da ACM(Association for Computing Machinery), mostrando que a área tem recebido cada vez mais atenção. No Japão, o Ministério da Indústria e Comércio tem criado vários projetos que são conduzidos por consórcios de empresas que investem anualmente milhões de dólares em pesquisas na área. À medida que os computadores passam a fazer cada vez mais parte do dia a dia, a demanda para monitoramento, gerenciamento, e controle aumenta a necessidade de pesquisa em IHC.


O Problema:

1- PORTUGAL, Cristina. Educação a distância: o design como agente do "diálogo" mediado pelas interfaces computacionais. Retirado de: //www.pr.gov.br/batebyte/edicoes/1997/bb69/interfac.htm

Os sistemas computacionais quando não são bem configurados tornam a interpretação das respostas difícil e o diálogo com os sistemas pleno de falhas de interação.

Para Brown (apud Pereira Jr., 2001), as razões para nossa dificuldade sobre o uso e a compreensão do uso das interfaces computacionais estão relacionadas aos seguintes fatores:

  1. Opacidade dos sistemas;

    O conceito de opacidade dos sistemas computacionais diz respeito ao fato de que suas funções não podem ser percebidas a partir da sua estrutura porque são invisíveis. Esta é uma diferença significativa dos sistemas computacionais em relação aos mecânicos, uma vez que podemos desenvolver um modelo do seu funcionamento a partir das evidências de sua estrutura e dos aspectos físicos.
    A complexidade em processamentos múltiplos está relacionada ao fato de que o computador permite a execução de diferentes processos ao mesmo tempo, o que exige do usuário o estabelecimento de relações entre estes processos, sobre o caráter ativo da ação de cada um deles e sobre as respostas do sistema para cada processo. A complexidade funcional está relacionada ao fato de que, cada vez mais, novos tipos de aplicação passaram a ser realizadas nos sistemas computacionais.

  2. a complexidade de processamentos múltiplos;

  3. a complexidade funcional

  4. a ausência de metáforas explanatórias;

    A ausência de metáforas explanatórias que expliquem o funcionamento dos sistemas computacionais com a nossa realidade é um outro aspecto que diferencia os sistemas computacionais dos sistemas mecânicos. Nossas experiências com o mundo físico e as reações de causa e efeito dos objetos nos permitem estabelecer modelos plausíveis para o funcionamento de alavancas, rodas, rampas etc. Enquanto ao conhecimento das linguagens dos sistemas computacionais não nos é familiar.

  5. os aspectos de interatividade e ambigüidade.


A ausência de metáforas explanatórias que expliquem o funcionamento dos sistemas computacionais com a nossa realidade é um outro aspecto que diferencia os sistemas computacionais dos sistemas mecânicos. Nossas experiências com o mundo físico e as reações de causa e efeito dos objetos nos permitem estabelecer modelos plausíveis para o funcionamento de alavancas, rodas, rampas etc. Enquanto ao conhecimento das linguagens dos sistemas computacionais não nos é familiar.

Solução

Para o desenvolvimento de interfaces computacionais amigáveis torna-se necessário que estes sistemas sejam auto-explicativos. Segundo Norman (1999), a interface deve ser representada de modo invisível, restringindo a ação do usuário dentro do domínio da aplicação e do entendimento do sistema, pois quando exercemos uma tarefa não devemos focar a interface mas a operação da tarefa. Exemplifico: quando desempenhamos uma ação como dirigir um carro, não descrevemos nossas ações, como apertar a embreagem, passar a segunda marcha, apertar o freio, o mapeamento mental já está feito. A ação analítica e descritiva só ocorre quando tarefa é quebrada.

Winograd (1996) observa que a interface computacional opera no domínio da linguagem, opera na criação, manipulação e transmissão dos objetos simbólicos. A linguagem existe enquanto ação, enquanto é usada em um processo de interpretação e comunicação. Neste ponto, podemos fazer uma ligação do que foi dito por Winograd e as idéias de Vigotsky sobre os processos mentais, que são mediados por sistemas simbólicos, levando os indivíduos a agirem mentalmente com estas representações.

As interfaces computacionais devem ser transparentes, pois quando deixam de ser objetos mediadores e passam a exigir do usuário sua atenção de forma descritiva e analítica, fazem com que se interrompa o caráter ativo da ação do usuário e, por consegüinte, interrrompem as possibildades de diálogo. O desenvolvimento de interfaces computacionais deve dar ênfase à construção da linguagem de interação, tendo caráter dialógico, reconhecendo a experiência e o aspecto social do usuário para manter o curso natural da ação.

A partir do desenvolvimento da linguagem mais adequada às nossas necessidades de interação com os sistemas computacionais, através dos quais o ensino à distância pode ser mediado, estaremos proporcionando uma nova relação dos indivíduos com o ambiente e com a sociedade. Portanto, o desafio do designer será configurar o nosso ambiente procurando não só o bem estar do indivíduo, como o bem estar comum.


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