Postagem realizada em: 15/03/2012 às 14:26:51 - Última atualização em: 30/11/-0001 às 00:00:00
Autor: Jessica Manfrim de Oliveira

RESENHA: PASSARELLI, Brasilina. Do Mundaneum à WEB Semântica: discussão sobre a revolução nos conceitos de autor e autoridade das fontes de informação. DataGramaZero – Revista de Ciência da Informação, v. 9, n. 5 out/2008.
O artigo discute os conceitos de autor e autoridade das fontes de informação no contexto da WEB. Para tanto faz uma abordagem histórica do tema iniciando com o Mundaneum de Paul Otlet até chegar na WEB Semântica, passando pelas três gerações da WEB.
Paul Otlet
Paul Otlet (1868-1944), advogado belga, é considerado o fundador do que conhecemos hoje por Ciência da Informação. Seu propósito era o controle universal da produção intelectual e criou a partir da Classificação Decimal de Melvil Dewey (CDD) a Classificação Decimal Universal, que permitiria organizar em fichas de papel a produção do conhecimento. Para abrigar essas fichas, foi criado o Mundaneum, museu inaugurado em 1910. Pela influência de Otlet, outros pesquisadores continuaram as buscas por ferramentas para o controle bibliográfico e acesso à informação. Otlet cunhou termos como web of knowledge, link e repository of knowledge.
As três Gerações da WEB
Nos anos 60, Theodore Nelson criou o termo hipertexto e influenciou diretamente o pesquisador inglês Tim Berners-Lee que em 1989 criou a Internet, sistema de relações bidimensionais com links que apontam apenas para fora. O que Nelson queria com suas idéias era criar um sistema tridimensional, o Xanadu que quase conseguiu implantar.
Os anos 60 e 70 trouxeram o nascimento de um novo mundo, contanto com três processos históricos: revolução da tecnologia da informação, crise econômica do capitalismo e do estatismo e o apogeu dos movimentos sociais e culturais (direitos humanos, feminismo, libertarismo e ambientalismo). Esses processos desencadearam uma nova estrutura social dominante, a sociedade em rede: economia global, cultura da virtualidade real.
Berners-Lee pensou a Internet como uma ferramenta acadêmica que permitiria o compartilhamento de informações por cientistas. O World Wide Web é um modelo aberto baseado na neutralidade da rede, na qual todos podem ter o mesmo nível de acesso às informações. Estas são tratadas com igualdade. Os conceitos de igualdade e neutralidade desse modelo têm fortes laços com a cultura hippie e a contracultura dos anos 60.
A WEB 1.0 designa a primeira geração da Internet com conteúdos de baixa interatividade. A WEB 2.0, atualmente, se caracteriza pelas redes sociais, nas quais agregam valor a conteúdos. A WEB 3.0 ou WEB Semântica, nome dado por Berners-Lee no final da década de 1990, designa uma WEB com maior capacidade de busca e auto-reconhecimento dos conteúdos através dos metadados. A dificuldade da WEB 3.0 é atribuir tags para todo o universo de conteúdos existentes na WEB. Alguns projetos iniciais, nesse sentido de agregar valores aos dados, já existem, tais como: FOAF, Piggy Bank, Amazon Mechanocal Turk, Google Image Labeler.
Conceitos de autor e autoria nas plataformas open Access
Howard Rheingold em 1993 escreveu sobre as comunidades virtuais e suas dinâmicas próprias. Em 1995, Sherry Turkle pesquisou a respeito das diferentes identidades possíveis em ambientes virtuais. Nos últimos três anos, a discussão gira em torno da autoria coletiva nos ambientes virtuais (as Wiki, que permitem usuários agregar ou editar informação) ou em softwares abertos. Unindo isso ao hipertexto temos algumas das características da rede: instantaneidade, transitoriedade, interoperabilidade e interatividade. Para Jean-François Lyotard, o conhecimento continuará sendo produzido para ser vendido com objetivo exclusivo de troca.
Wikipedia e Licenças para Conteúdos Livres
A GNU é uma licença para conteúdos livres que dá direitos aos usuários de copiar, redistribuir e modificar trabalhos. A Wikipedia é um exemplo disso. Um problema que advém da edição das entradas pro qualquer usuário é a falta de revisão dos conteúdos. Mas uma pesquisa feita comparando a Wikipedia e a Enciclopédia Britannica revelou não terem diferenças significativas de erros e omissões. Especialistas questionaram os métodos da pesquisa, outros reiteraram os resultados. Jaron Lanier não questiona a iniciativa da Wikipedia, mas o fato de que em tão pouco tempo tal fonte adquirir tamanha importância. Para Lanier, a Internet não deve ser considerada uma entidade com voz própria, pois estaremos desvalorizando os usuários, e a beleza da Internet está em conectar pessoas.
O futuro do futuro
Ted Nelson conclama a todos pela retomada do ciberespaço. Para Nelson existe uma guerra entre os detentores de copyright e as pessoas que querem fazer uso desses conteúdos. A solução apontada por Nelson é a utilização do transcopyright, uma licença para livre utilização de conteúdos online. Mas ainda assim se pagaria pelos trechos utilizados.
Com a convergência das mídias de massa para o celular não será difícil usá-lo para acessar bases de dados de textos completos, revistas, ect. Isso acarretará mais mudanças para a ciência da informação: acessar também será possuir.