Postagem realizada em: 19/03/2012 às 16:05:52 - Última atualização em: 30/11/-0001 às 00:00:00
Autor: Analuci da Conceicao Goes
SILVA, Armando Malheiro da. Mediações e mediadores em Ciência da Informação. Prisma.com, n.09, 2010. Disponível em: < http://prisma.cetac.up.pt/Prisma.Com_n9-Mediacao_e_mediadores_em_Ciencia_da_Informacao.pdf>. Acesso em 05 de março de 2012.
Para iniciar a discussão, Silva procura conceituar o termo “mediação” por tê-lo como fundamental para a discussão e compreensão do papel da Ciência da Informação tendo como pano de fundo o ambiente virtual e interativo da web 2.0. Retomando o que ele define por mediação, temos que ela consiste em articular partes diferentes em determinados contextos.
Sendo assim, se a CI é transdisciplinar e interdisciplinar e o termo mediação é intrínseco a ela. Esse pontapé inicial permitirá ao autor discorrer suas críticas ao papel que tem sido desempenhado por muitas unidades de informação (museus, bibliotecas, arquivos, etc) que não se atentaram para a nova realidade da interatividade, do uso, do acesso, consulta, troca e produção cooperada de informação, estando ainda muito presos às questões de preservação dos documentos. Para Silva, o profissional da biblioteconomia deve buscar otimizar os usos dos documentos ao máximo, facilitando seu acesso. Mas isso de maneira mais objetiva possível, para que seja a subjetividade do usuário que transpareça ao final da construção individual do conhecimento. Ao profissional restaria a seleção, disponibilização facilitada para recuperação e uso e preservação das informações, mas o foco não é na preservação por si mesma, mas numa preservação que tem por fim o uso por parte dos mais variados públicos.
Além da larga e facilitada disponibilização de conteúdos, é necessário que competências para busca e uso de informações sejam desenvolvidas, ou seja, é necessário que a questão da literacia informacional também esteja presente na agenda dos profissionais da informação.
PASSARELLI, Brasilina. O Bibliotecário 2.0 e a Emergência de Novos Perfis Profissionais. DataGramaZero – Revista de Ciência da Informação, v. 10, n. 6, dez/2009. Disponível em: <http://www.dgz.org.br/dez09/Art_01.htm>. Acesso em 05 de março de 2012.
Inicialmente o texto faz um apanhado histórico da criação e do desenvolvimento da internet. Junto a isso são apresentados os impactos vindouros dessa criação. Impactos que se espalham pelos mais variados campos – da economia à cultura, passando pelas relações sociais e educação. São impactos de tais proporções que passam a exigir conhecimentos específicos dos sujeitos e então se têm início as discussões sobre digital literacy e information literacy. E não para por aí: a questão da colaboração e da interatividade são gritantes, indissociáveis dessa nova sociedade pautada em relacionamento de rede.
O texto traz questões presentes num estudo mais amplo que procura mapear o perfil e as competências adquiridas pelo profissional da informação e como são utilizadas no ambiente de redes virtuais. Sendo assim, como pensar as práticas e o que se espera dos profissionais de informação em um mundo pautado na colaboração, larga disponibilização e interatividade na construção e troca de informações? Que ele seja capaz de ver os anseios dessa população, que saiba inovar, aprender, planejar e compartilhar seu próprio conhecimento. Ele deve ter em mente que a informação está sim disponível para todos acessarem, mas dado o volume, ele tem papel fundamental na recuperação e disponibilização facilitada de conteúdos relevantes. O que podemos dizer é que os suportes mudaram, os locais mudaram (da biblioteca física para a web), mas o fazer do bibliotecário não perdeu seu sentido nem necessidade, se tivermos em mente as já a muito enunciadas 5 leis da biblioteconomia, de Ranganathan, ao que acrescentaria que não a biblioteca, mas o mundo da informação é um organismo em crescimento, em eterno crescimento.
PASSARELLI, Brasilina. Do Mundaneum à WEB Semântica: discussão sobre a revolução nos conceitos de autor e autoridade das fontes de informação. DataGramaZero – Revista de Ciência da Informação, v. 9, n. 5 out/2008. Disponível em: < http://www.dgz.org.br/out08/Art_04.htm>. Acesso em 05 de março de 2012.
Iniciando a discussão pelo desenvolvimento da internet, Passarelli apresenta um breve histórico do desenvolvimento da mesma e sua relação com a biblioteconomia e as questões que se colocam atualmente no que se refere aos conceitos de autor e autoridade quando se tem como realidade o mundo da web 2.0.
Para a autora, Otlet, sendo o pai da documentação e também o primeiro a falar em “link” e “web of knowledge”, também seria o precursor da internet.
A web que temos hoje, tida como web 2.0 é pautada na interatividade, a anterior era mais estática, unidirecional. Mas o horizonte aponta para uma nova: a web semântica, ainda não totalmente existente, mas com certeza em vias de. Isto porque cada vez mais a comunicação se dá em várias vias, com vários caminhos, de ida, volta, de links a serem visitados que são completamente diferentes do caminho inicialmente trilhado. Ou seja, de um caminho cheios de possibilidades que não são excludentes, antes disso, somam-se.
Colocada a relevância da internet e a questão da colaboração e interatividade característicos da web 2.0, Passarelli passa a se concentrar nas questões que envolvem a atribuição de autoria em um mundo tão volúvel e fugaz quanto o mundo virtual. Isso porque é inegável a imensa e irrestrita circulação das mais variadas informações. Circulação que, guardadas suas especificidades, envolvem relações de validação muito menos burocráticas que a de publicações impressas, por exemplo. Apesar de serem questionáveis, ainda assim não é possível desacreditar toda e qualquer informação do meio digital. Além desse rompimento, a autora traz ainda as discussões sobre copyright, copyleft e transcopyright.
PASSARELLI, Brasilina; AZEVEDO, José (Orgs.). "Literacias emergentes nas redes sociais: estado da arte e pesquisa qualitativa no observatório da cultura digital". In: Atores em Rede: Olhares luso-brasileiros. São Paulo: Senac, 2010.
O texto se insere no conjunto do propósito do livro, ou seja, discutir o poder transformador das novas e emergentes práticas de comunicação e construção de conhecimentos, completamente diferente ao que se verificava até a pouco tempo (não mais que duas décadas).
A dimensão dessas novas formas de saber tem impacto sobre a economia, política, questões ambientais, culturais, sociais e comunicacionais. Isto porque rompe com o modelo anterior de produção, distribuição e consumo de informação, propondo um novo modelo, em que não há papeis únicos e definidos, mas atividades que se mesclam, sujeitos que trocam, que interagem. O novo modelo de conhecimento está pautado na interatividade e não mais na mera recepção.
Passarelli inicia a discussão retomando as diferenças entre os paradigmas da modernidade e o que se apresenta na contemporaneidade. Com isso, constrói o campo que permite mostrar como as práticas sociais, culturais e educativas (em particular) precisam ser inseridas na nova configuração: a rede. Uma rede que é tanto física como virtual, são pessoas, programas, materiais e uma infinidade de outros elementos que se juntam para proporcionar a experiência de compartilhamento, criação, co-produção. Hoje é reconhecida a necessidade de se habitar não só os espaços físicos como também os virtuais, sob pena de exclusão. E pensando nessa questão da exclusão digital, Passarelli apresenta alguns projetos – tal como o Acessa São Paulo – desenvolvidos pelo NAP Escola do Futuro – USP que tem por fim diminuir as distâncias entre a população e o mundo virtual.
O texto traz indicadores, principalmente brasileiros, sobre os usos e não usos do mundo digital. Revela que o não uso está majoritariamente ligado ao desconhecimento de como usar (necessidade de desenvolver competências para o uso) e que, muitas vezes, o acesso se dá a um número muito restrito de sites, sendo necessário desenvolver as competências de seleção, relevância e trânsito no mundo da web. E ir além, fazer deles usuários, participantes e produtores das mais diversas redes e conteúdos. Tudo isso é pensado buscando conexão com as práticas educativas também, mas de maneira crítica, porque até que ponto o acesso garante a efetiva inclusão? Qual o acesso feito? Qual a interferência que isso pode ter no indivíduo e do indivíduo nele? Afinal, a sociedade em rede traz muitas coisas valiosas, mas também tem lá suas perversidades. A elaboração de estudos críticos ainda está em seu início dado se referir a um fenômeno recente, mas é indispensável para nortear discussões comprometidas com o aprimoramento dos mais diversos indivíduos.