RESENHAS: *************************************************** PASSARELLI, Brasilina. Do Mundaneum à WEB Semântica: discussão sobre a revolução nos conceitos de autor e autoridade das fontes de informação. DataGramaZero – Revista de Ciência da Informação, v. 9, n. 5 out/2008. O pioneiro e fundador da Ciência da Informação foi o advogado belga Paul Otlet (1868-1944), que a nomeou como Documentação. Perseguindo o ideal do controle universal da produção intelectual humana, com base na Classificação Decimal de Dewey (CDD), Otlet desenvolveu um sistema de classificação do conhecimento conhecido como Classificação Decimal Universal (CDU). Otlet também criou o Mundane um, um museu inaugurado em 1910 que tinha como objetivo abrigar fisicamente a produção do conhecimento catalogado em fichas de papel, porém, em 1934, seu acervo foi disperso. Considerado como o verdadeiro "pai" da documentação e da internet, Otlet influenciou pesquisadores que o sucederam na busca de ferramentas para o controle bibliográfico e acesso a informação. Nos anos 70, Theodore Nelson, cunhou o termo hypertext, que influenciou o pesquisador Tim Berners-Lee, que em 89, desenvolveria a rede internet. No mesmo período ocorriam três processos históricos independentes: revolução da tecnologia da informação; crise econômica do capitalismo e do estatismo e o apogeu de movimentos culturais e sociais, que influenciaram o pensamento de uma nova estrutura social, a sociedade em rede e a cultura da virtualidade real. Berners-Lee criou o WWWC que administra a internet nos EUA, como modelo aberto, baseado na neutralidade da rede, onde todos têm o mesmo nível de acesso e a informação é tratada com igualdade. O foco é o usuário, que preconiza a comunicação de todos com todos, ou seja, uma rede de comunicação horizontal em oposição à hierarquia vertical que rege as relações humanas. Atualmente existem três gerações da Web. A web 1.0, primeira geração comercial da internet, com conteúdos de baixa interatividade; Web 2.0, caracterizada por redes sociais e folksonomias, como o YouTube, MySpace e Wikipédia. Ainda inexistente, a Web 3.0, foi também denominada por Web semântica, ou seja, uma Web com maior capacidade de busca e auto reconhecimento dos conteúdos por meio de metadados com descrições ligados aos conteúdos originais. Projetos como o Amazon Mechanical Turk e Google Image Labeler, utilizam pessoas para indexar informações que serão buscadas. O hypertext possibilitou a autoria coletiva e cooperativa nos ambientes virtuais, como por exemplo, as wikis, que desconstruíram a narrativa linear instituída na comunicação por meio da palavra escrita e impressa em papel. O paradigma atual que se encara é o conflito da autoridade das fontes de informações tradicionais, como as enciclopédias, e as wikis, uma enciclopédia online de estrutura aberta, que qualquer um pode interagir e editar e não há processo formal de revisão. A revista Nature, em 2005, realizou um estudo que concluiu que as diferenças entre as entradas realizadas na Wikipédia e na Enciclopédia Britânica não eram significativas. Jaron Lanier, um dos percussores da Inteligência artificial, defende a leitura da Wikipédia, pois permite a entrada no assunto, sem identificar sua origem, decretando a morte do autor individual. Já Ted Nelson propõe o transcopyright, que é uma licença livre para a utilização de conteúdos online. Ou seja, permite que se utilize trechos de uma obra misturando-os a outros trechos e criando assim um novo documento desde que sejam mantidos links para os documentos originais e assim se possa cobrar pelos trechos utilizados. *************************************************** PASSARELLI, Brasilina. O Bibliotecário 2.0 e a Emergência de Novos Perfis Profissionais. DataGramaZero – Revista de Ciência da Informação, v. 10, n. 6, dez/2009. Os conceitos fundacionais para a sociedade em rede contemporânea foi tema de diversos autores em diferentes momentos, porém, foi durante o cientificismo que a informação se tornou um bem fundamental para o desenvolvimento humano. Paul Otlet cunhou os termos: link, web of knowledge e repository of knowledge, porém, foi apenas em 1989, que Tim Berners-Lee estendeu a visão de Otlet e desenvolveu a internet como sendo uma ferramenta acadêmica que permitia aos cientistas compartilhar informações. Surge assim a cibercultura, baseada na comunicação humana virtualizada e na criação de comunidades virtuais. Com a introdução do computador pessoal, em meados de 80, e a popularização da internet a partir de 90, as Tecnologias de Informações e Comunicação (TICs) alavancaram o desenvolvimento de novos conceitos e saberes tais como digital literacy e information literacy. A literacia informacional tem constituído um novo campo de pesquisa que interessa à educação, á ciência da informação e às ciências cognitivas. A princípio o desafio está em aprender a utilização básica dos recursos tecnológicos (digital literacy) e a seguir apropriar-se dos mesmos para gerar novos conhecimentos (information literacy). Consequentemente o mundo da educação foi obrigado a revisar suas teorias e praticas de aprendizagem e a desenvolver ações de educação com o objetivo de promover a inclusão digital de alunos e professores. O desenvolvimento das redes de comunicação tem gerado impactos não só na aprendizagem, mas também no trabalho, nas atividades sociais, esboçando a necessidade de novas competências de profissionais e alunos, que agora possuem uma nova forma de aprender e de compartilhar conhecimento que transforma a economia e a sociedade. A maioria das teorias atuais sobre gestão do conhecimento defendem a ideia do ciclo do conhecimento, com etapas como criação, refinamento e implementação que levam à transformação do conhecimento pratico em explicito. Neste contexto, o desenvolvimento do trabalho com conhecimento em uma instituição, exige novas competências organizacionais: flexibilidade, inovação, horizontalidade, criatividade, agilidade, compartilhamento de informação, aprendizagem, gestão do conhecimento, planejamento participativo, empowerment e estratégia competitiva. Com o desenvolvimento econômico, científico e tecnológico novas oportunidades de inserção no mercado de trabalho surgiram para o profissional bibliotecário, como escritórios de advocacia, agência de publicidade, bancos, indústrias, etc. *************************************************** PASSARELLI, Brasilina; AZEVEDO, José (Orgs.). "Literacias emergentes nas redes sociais: estado da arte e pesquisa qualitativa no observatório da cultura digital". In: Atores em Rede: Olhares luso-brasileiros. São Paulo: SENAC, 2010. A construção do conhecimento humano até meados do século XX desenvolveu uma lógica racionalista para nomear, classificar e ordenar a natureza. A percepção do mundo atual, agora com novas lógicas e tecnologias, como a transição para a sociedade em rede, ainda convive com o compartilhamento de informações, no embate entre o moderno e o contemporâneo. As primeiras teorias da comunicação contribuíram para compreender a comunicação mediada como fenômeno social, ou seja, os estudiosos centraram no emissor seus estudos sobre as formas de comunicação. Nos anos 80, após a queda do Muro de Berlim, foi necessário rever alguns conceitos como: modernidade, em contraposição ao contemporâneo pós-moderno; autoria individual, ante os coletivos digitais; entre outros. A classificação e ordenação do mundo sofreram grandes alterações após a propagação da sociedade em rede e novos termos como "comunidades virtuais", "inteligência coletiva", "interatividade", entre outros, começaram a fazer parte do vocabulário dos estudiosos da comunicação digital, ou seja, a configuração rígida e hierárquica da classificação e organização da informação e dos bens culturais se transformou no decorrer do século XX em uma configuração não linear, que permite a produção e a publicação de trabalhos no ambiente web, dando origem a novas formas de ver e produzir cultura e conhecimento. A informação superou as barreiras físicas. Pesquisas focadas na rede com o intuito de mapear o fenômeno foram desenvolvidas por pesquisadores do NAP e da Escola do futuro – USP, que distinguem duas "ondas" na sociedade em rede. A primeira "onda" de computadores conectados à internet no mundo residia a questão de inclusão social. Na segunda "onda", vivida atualmente, a questão são as formas de apropriação e de produção do conhecimento na web. Atualmente as diferentes literacias são estudadas por diversos pesquisadores, no contexto da rede e caracteriza-se por indicar a habilidade de usar a informação de maneira efetiva e criativa, ou seja, desenvolver habilidades de entender e utilizar a informação de múltiplos formatos e proveniente de diversas fontes quando apresentada por meio de computadores. Adquirir literacia não é uma questão apenas cognitiva, mas também de cultura, poder e política. *************************************************** SILVA, Armando Malheiros da. Mediações e mediadores em Ciência da Informação. PRISMA.com O conceito de mediação foi se tornando foco nas pesquisas e nas reflexões sobre a comunicação, pois o mediador desempenha o principal papel na construção do sentido pelo sujeito, que o constrói através da linguagem e da educação ou iniciação que se recebe. Na comunicação mediatizada, a mediação é o elo entre o enunciador e o destinatário, manifesta-se na emergência de uma linguagem, de um sistema de representações comum a toda uma comunidade. Nas buscas realizadas para obter o significado do conceito "mediação", muitas vezes é recuperado no contexto jurídico-diplomático, que deixa a desejar. Para Martín-Barbero, teórico da comunicação social e da cultura, não existe comunicação sem cultura, nem cultura sem comunicação, ou seja, há uma relação entre cultura local e cultura mediática, que em contextos culturais, é o espaço de negociação de identidades. O conceito de "mediador" é importado de maneira simples e direta, e não é vinculado explicitamente à realidade sociocultural brasileira nos dicionários especializados da área. Em todas as obras de referência, o conceito mediação prima pela ausência de uma apropriação crítica pelos especialistas em Ciência da Informação. Em nossa concepção permanece em aberto um conjunto de questões fundamentais que alimentam um inesgotável debate, sobre as questões ligadas a ciência da informação. A transição de paradigmas, do custodial, patrimonialista, historicista e tecnicista para a era da informação que vivemos atualmente: o pós-custodial, informacional e científico. No paradigma pós-custodial, não ocorre a morte do documento em papel, porém, não há mais abordagens práticas e instrumentais voltadas para descrevê-los, mas sim uma abordagem que explique os modos e contextos de produção informacional, estratégias de organização e representação de conteúdos, em especial nas bases de dados e diversas plataformas digitais e os múltiplos aspectos e nuances do comportamento individual e coletivo em face à busca e uso da informação. É necessário que o conceito de mediação integre o dispositivo teórico-metodológico da Ciência da Informação que emerge para atender na produção informacional, seguindo-se na dinâmica da partilha, da interação ou da ação do comunicante.

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