Postagem realizada em: 01/04/2017 às 09:59:55 - Última atualização em: 30/11/-0001 às 00:00:00
Autor: Renata Fernandes Veloso Baralle
Na primeira aula fomos apresentados a uma cronologia simplificada da evolução dos computadores, nosso principal suporte informacional atualmente. Esta evolução evidentemente trouxe inúmeras mudanças às áreas da ciência da informação e biblioteconomia. Ao invés de realizar um levantamento histórico factual da evolução tecnológica, achei mais interessante trazer algumas associações entre esta evolução e o nosso foco de estudo (os recursos informacionais).
No livro “Information and information systems”, Michael Buckland nos apresenta suas ideias de forma organizada e objetiva, buscando sempre delimitar seus objetos de análise ao levantar questões referentes aos diversos assuntos que aborda. Ao introduzir o capítulo intitulado “Information Technology”, o autor rompe a barreira do senso comum e define tecnologia da informação como toda a técnica empregada para manipular informações. Portanto, o suporte papel também é tratado como tecnologia informacional, e mais adiante somos apresentados a uma comparação entre determinadas características destes dois recursos.
“Nós usamos ‘técnica’ para denotar a forma de fazer alguma coisa e ‘tecnologia’ para denotar um recurso físico que pode servir como ferramenta para atingir determinado propósito. Qualquer técnica vai fazer uso maior ou menos de diferentes tecnologias” (p. 69)
Depois de associar tecnologia/recurso físico e técnica/método, o autor parte para algumas distinções refentes ao uso de diferentes tecnologias da informação, exemplificadas pelos suportes papel, microformas e recursos eletrônicos, respectivamente.
Como características de materiais em papel o autor identifica que:
- Nenhum equipamento adicional é necessário para lê-los;
- Sua localização é restrita a um local específico e o usuário deve ir ao local onde o documento se encontra para ter acesso a ele;
- Só pode ser visualizado por uma pessoa por vez, a não ser que sejam feitas cópias da publicação;
- Materiais em papel são tratados como bens públicos — são adquiridos e disponibilizados sem cobrança;
- Materiais em papel não são de atualização fácil.
Em seguida, Buckland afirma que as microformas foram uma mudança significativa em relação aos materiais de papel, mesmo que apenas uma característica fosse diferente das acima mencionadas: agora é necessário um equipamento adicional para ter acesso a elas.
De qualquer forma, o autor lembra que as microformas pareciam uma tecnologia atraente para manter informações de suporte com duração física efêmera como jornais e na distribuição de catálogos.
Todas as características que encontramos no suporte papel são colocadas de cabeça para baixo quando o autor levanta os atributos dos documentos eletrônicos e bases de dados:
- Assim como as microformas, equipamentos especiais são necessários para acessá-las;
- O uso da uma base de dados não depende de uma localização (o autor dá o exemplo da DIALOG, que muitas pessoas já usaram sem terem ido a Palo Alto, Califórnia, onde encontram-se seus servidores);
- Os usuários podem fazer usos simultâneos das bases de dados;
- Bases de dados são geralmente pagas, ou seja, ao contrário dos livros não são encaradas como bens públicos;
- O formato dos documentos eletrônicos permitem edições e atualizações recorrentes;
Buckland nos lembra sobre uma das características mais marcantes das tecnologias da informação: a dissolução das fronteiras entre criação, recuperação e uso da informação. Agora nós podemos nos preocupar “menos com a eficiência e mais com os propósitos dos sistemas de recuperação de informação”.