Postagem realizada em: 27/03/2017 às 21:30:06 - Última atualização em: 30/11/-0001 às 00:00:00
Autor: Rosana Nakata
Com a popularização do serviço de Internet comercial, observou-se o surgimento da chamada "Internet das coisas", que, de forma simples, é essa rede que conecta "coisas", sejam elas pessoas ou aparelhos eletrônicos ligados à Internet, criando relações pessoa-pessoa, aparelho-aparelho e pessoa-aparelho. A aplicação da inteligência artificial à tecnologias que podem ser utilizadas no dia-a-dia tem a proposta de facilitar as tarefas do cotidiano, seja fazendo compras de materiais e alimentos automaticamente ao detectar seu estoque baixo, seja auxiliando nas conexões interpessoais.
Essa união do Big Data (as enormes quantidades de dados circulando pela rede) com sistemas inteligentes dá origem ao que está sendo chamado de Quarta Revolução Industrial, com a computação (da Terceira Revolução Industrial) penetrando nas mais diversas esferas da sociedade. Na era de gadgets, máquinas em rede, presença de sensores e câmeras em todos os lugares e tecnologias sendo usadas desde a produção industrial até os estudos do genoma humano, cada vez mais equipamentos do dia-a-dia estão conectados à Internet.
Há hoje uma grande quantidade de dados que não são utilizados pelas empresas, e a conectividade com a rede permite a criação de algoritmos e sistemas que ajudem a identificar problemas operacionais antecipadamente e que integrem esses dados com projetos e processos do negócio. Ao expandir o conceito de Internet das Coisas para além da esfera individual, cria-se o conceito das "cidades inteligentes", onde serviços públicos funcionam de forma coordenada e organizada com o auxílio dessas novas tecnologias.
No caso das bibliotecas, a Internet das coisas abre as portas para que se utilizem tecnologias que facilitem a utilização dos serviços, e mesmo o oferecimento de serviços customizados com base nos dados coletados dos usuários. Assim, serviços como recomendações, localização de obras(ou mesmo a disponibilização de versões digitais), sugestões de materiais que auxiliem nas pesquisas, o alinhamento do acervo da biblioteca com o que o público que frequenta mais consulta e mesmo o ajuste dos horários da biblioteca ou de serviços de transporte público em dias de maior movimento se tornam possíveis. Dessa forma, o papel do bibliotecário não se tornará obsoleto, apenas suas funções dentro da biblioteca se transformarão, já que a biblioteca não deixará de ser um lugar comunitário onde pessoas se conectem através de ideias e interesses em comum.
Sob uma ótica otimista, a Internet das coisas e o futuro conectado abre possibilidades para cidades funcionarem de forma otimizada, com sistemas de geração de energia, transporte e administração inteligentes que detectem problemas assim que acontecem e já busquem soluções e direcionem os cidadãos para evitar congestionamentos, acidentes e problemas de distribuição. Aliando esses sistemas públicos com dados pessoais provenientes dos "wearable gadgets", é possível otimizar também serviços de saúde, detectando epidemias e focos de determinadas doenças, ajudando a estabelecer os melhores lugares para a instalação de hospitais, escolas e terminais de transporte.
Há, também aspectos negativos para um futuro conectado, como a largamente conhecida vulnerabilidade de segurança dos dados das pessoas, num mundo em que bilhões estão conectados a diversos aparelhos diferentes dentro de suas casas, além do potencial perigoso que o desenvolvimento de inteligência artificial, a manipulação dos genes humanos e a nanotecnologia apresentam. Mesmo com empresas assegurando que buscam proteger a privacidade de seus consumidores, ainda há um grande número de problemas de criptografia e vulnerabilidades nos aparelhos conectados à Internet que permitem o envio de informações pessoais, que vão da data de nascimento aos números de cartões de crédito e padrões de consumo, que podem ser utilizadas para espionar os cidadãos e até mesmo vendidas para empresas focadas em direcionar seus produtos para possíveis consumidores.
Referências utilizadas:
"Internet das coisas": uma tendência interessante (e perigosa). Disponível em: <https://seguranca.uol.com.br/antivirus/dicas/curiosidades/internet-das-coisas.html#rmcl>
MORGAN, Jacob. A simple explanation of "The Internet of Things". Disponível em: <https://www.forbes.com/sites/jacobmorgan/2014/05/13/simple-explanation-internet-things-that-anyone-can-understand/#583d43ea1d09>
PERA, Mariam. Libraries and the "Internet of Things". Disponível em:<https://americanlibrariesmagazine.org/blogs/the-scoop/libraries-and-the-internet-of-things/>