Resenha: Mediação da informação no hibridismo contemporâneo
Postagem realizada em: 16/04/2018 às 21:15:42 - Última atualização em: 07/05/2018 às 19:40:14
Autor: Lígia Mosolino de Carvalho
RESENHA
PASSARELLI, Brasilina. Mediação da informação no hibridismo contemporâneo: um breve estado da arte. Ci.Inf., Brasília, DF, v.43 n.2, p.231-240, maio/ago., 2014.
Vivenciamos um novo paradigma tecnológico que se organiza em torno da tecnologia da informação. Uma nova ordem se instala continuamente, ancorando suas bases nas mudanças paradigmáticas tanto do ponto de vista social, econômico, cultural, político, tecnológico.
Assim, o mundo vivencia uma rápida redefinição e reelaboração, está se configurando em um novo tipo de sociedade, um novo tipo de mundo em construção, não estruturado, mas que se instala como um universo absolutamente diferente daquele que até pouco conhecíamos.
“Self e redes digitais se interpenetram e se criam em relações de mútua interdependência; máquinas e tecnologias tornam-se extensões do corpo; identidades eletrônicas e avatares circulam no ciberespaço constituindo novas formas de habitar e de existir no mundo, e a internet torna-se via estruturante da produção, circulação e compartilhamento das expressões, emoções e da própria ação social” (PASSARELLI, 2014).
Sobre inclusão digital, a pesquisadora, reconhece duas “ondas” na introdução da Internet no Brasil. Na primeira, identifica que as atenções estavam voltadas ao fornecimento de infraestrutura e de políticas de acesso. A segunda a partir de 2006, se concentra na reflexão sobre a realidade da apropriação das novas tecnologias, nas diferentes realidades sócio-históricas e culturais, surgindo o conceito de literacias digitais e /ou Media Literacy para qualificar as novas competências de comunicação, busca de informações e produção de conhecimento dos internautas, isto ocorre em decorrência do acumulo de experiências e de informações diante da realidade posta.
O conceito de mediação e seus diferentes enfoques são apresentados por meio de pensadores e teóricos das ciências da comunicação e da informação, desde dos anos 70 do século passado até os dias atuais com a hiperconectividade da sociedade.
Também são discutidos os diferentes aspectos de ética e filosofia da informação ao mesmo tempo que se aponta a urgente necessidade de reconfiguração das relações sociais nesta sociedade hiperconectada.
Em fevereiro de 2013, pesquisadores lançam um documento “The Onlife Manifest” e posterior publicação do livro que discute os principais aspectos da condição humana no mundo contemporâneo hiperconectado, como nosso conceito sobre nós mesmos, nossas interações e concepções com/de realidade.
As inquietações do “The Onlife Manifest” também, ecoaram em organismos internacionais como: Comissão Europeia em parceria com a UNESCO e co-organizado pelo Projeto Emedus e o Gabinete de Comunicación e Educación da Universidade Aberta de Barcelona, assim em maio de 2014 foi realizado o I Forum on Media and Information Literacy, com o objetivo de promover universalmente a importância das literacias em mídia e informação na educação. Este reuniu representantes de governos, especialistas, autoridades do audiovisual, professores, profissionais de mídia, representantes da indústria, profissionais da informação, bibliotecários, pesquisadores e ONGs.
A professora – autora deste texto - participou deste Fórum como representante brasileira e pesquisadora da USP com seus trabalhos publicados sobre o tema desde 2007 e compartilha conosco suas principais anotações:
- Os pesquisadores presentes e as instituições organizadoras reconhecem que as Media and Information Literacy (MIL) são centrais para o desenvolvimento e possuem profundo imbricamento com áreas como pesquisa, avaliação e educação;
- Os ambientes on-line e a mídia on-line são essenciais no ensino contemporâneo;
- Reconhece que a tecnologia digital é transversal a todas as mídias;
- Que as MIL não são autossustentáveis e que são complementares.
Ela enfatiza, ainda, que
“(...) as MIL não significam só educar a população para a mídia, mas também propor campanhas sustentáveis que possam ser replicadas ao redor do mundo num continuum que emule a complexidade contemporânea da hiperconectividade dos atores em rede” (PASSARELLI, 2014).
Desta forma, as MIL significam a necessidade de políticas humanitárias e o desenvolvimento de ambientes colaborativos onde a sociedade possa participar de forma efetiva.