Mayara Farias de Souza - Matutino - PASSARELLI, B. Literacias emergentes nas redes sociais: estado da arte e pesquisa qualitativa no Observatório da Cultura Digital
Postagem realizada em: 14/06/2018 às 16:03:26 - Última atualização em: 14/06/2018 às 16:05:17
Autor: Mayara Souza

Resenha: PASSARELLI, B. Literacias emergentes nas redes sociais: estado da arte e pesquisa qualitativa no Observatório da Cultura Digital. In: Atores em rede: Olhares Luso-Brasileiros. São Paulo : SENAC SP, 2010, p. 63-78
No início do texto, temos uma periodização histórica que situa que até meados do século XX a construção do conhecimento humano ligava-se ao racionalismo e, por isso, a sua preocupação estava em nomear, classificar e ordenar a natureza. A percepção tradicional da organização do conhecimento começa a ser confrontada no século XVI a partir da substituição do modelo representado pelas árvores do conhecimento pelo uso de sistemas do conhecimento, o qual era mais flexível às novas representações. Nessa época, vários modelos de classificação foram propostos, porém, o modelo que, além de representar uma conjuntura com a tradição, conseguiu maior sucesso nas universidades foi o modelo de Francis Bacon baseado nas três faculdades da mente (a memória, a razão e a imaginação).
O século XX teve como marco os estudos da teoria da comunicação em diversas disciplinas e autores (Durkheim, Hebert Marcuse e Theodor Adorno). Já em 1970 surgiram trabalhos destinados a investigar as mediações entre as tecnologias e seus receptores. As profundas transformações de 1980 repercutiram nas mudanças na forma de ordenar o universo social contemporâneo. Durante o final do século XX, desencadeou-se diversos processos econômicos e sociais, como a revolução da tecnologia da informação, a crise do capitalismo e o apogeu de processos sociais, todas elas fazendo com que nascesse uma nova forma de se compartilhar informações : A rede virtual. A partir de então, a nossa percepção de universo, assim como os sistemas criados para a sua organização, passam a ser regidos de forma matemática.
Como decorrência da comercialização de computadores pessoais (PCs) e da crescente popularização da internet, nas últimas décadas do século XX no Brasil, observou-se a necessidade de incluir digitalmente as minorias segregadas nesse processo (Primeira Onda), e, depois, compreender a nova realidade da produção do conhecimento e da comunicação, quando o uso da nova tecnologia já tornara-se quase que habitual (Segunda Onda). Para abranger a sociedade em rede como um todo desenvolveu-se o Núcleo de Pesquisa das Novas Tecnologias de Comunicação aplicadas à educação (NAP) e a Escola do Futuro - USP instituiu em 2008 o Observatório da Cultura Digital.
A ação do Observatório da Cultura Digital é desenvolvida pelos pesquisadores do Programa de Pós Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM) da Escola de Comunicações e Artes da USP seu objetivo é o estudo teórico-epistemológico sobre a sociedade em rede, apresentando, indicadores globais e locais de conectividade, entre outros trabalhos.
A pesquisa mostra que existe uma grande desigualdade de acesso a internet no Brasil, sendo que as regiões norte e nordeste não possuem sequer computadores em suas casas e o acesso a internet cobre pouco mais da metade da população, sendo respectivamente, 54% sem acesso e 64% sem acesso a internet, para 64% com acesso a internet na região sudeste e 52% na região sul, os dados apresentam ainda maior desigualdade quando classificados por classes sociais.
Sobre o contínuo e acelerado crescimento da web abrem-se outras temáticas como a “falta de atividade física; a exposição exacerbada e perda do senso de público e privado; falta de autonomia; violações constantes de direitos autorais; cyberbulling, falta de ética, narcisismo e baixo senso de cidadania, entre outros” (PASSARELI, 2010, p. 77)
Finalmente, o contínuo e acelerado crescimento da web na medida em que justifica a implementação de propostas voltadas a educação para, ou com, a tecnologia também exige uma constante atualização dos pesquisadores, sobretudo no que diz respeito a literacia, como mostra a NAP EF/USP, a Cibercultura é um cenário inovador e desafiador para a construção, e a reconstrução, do real.