Postagem realizada em: 22/08/2007 às 13:03:20 - Última atualização em: 30/11/-0001 às 00:00:00
Autor: Geni A Toffoli
Serendipidade s.f. aport. de serendipity
Serendipista adj. relativo a serendipidade ou pessoa dotada desse dom. ETIM serendipidade sob a f.rad. Serendip- + -ista, pelo ing. Serendipitist
Serendipitoso adj. 1 diz-se da pessoa dotada da capacidade de fazer, por acaso, descobertas felizes ou úteis. 2 diz-se das descobertas ou acontecimentos dessa espécie. ETIM ing. serendipitous (1943) “obtido ou caracterizado por serendipidade”
Serendipity [inglês] s.m. 1 aptidão, faculdade ou dom de atrair o acontecimento de coisas felizes ou úteis, ou de descobri-las por acaso. 2 p.met. cada uma dessas coisas felizes ou úteis – f. aport.: serendipidade ETIM ing. serendipity (1754) “id.” < top. Serendip ou Serendib (do ár.Sarandib) antigo nome do Sri Lanka, + suf. ing. –ity, palavra cunhada, em 1754, por Horace Walpole (1717-1797, escrito inglês), a partir do conto de fadas Os três príncipes de Serendip, cujos heróis sempre faziam descobertas, acidentalmente ou por sagacidade, de coisas que não procuravam.
HOUAISS, Antônio. VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
Antônio Houaiss (1915-1999)
Descendente de imigrantes libaneses, Antônio Houaiss cedo transcenderia o anonimato, convidado por Ernesto Faria, aos 16 anos, para lecionar português. Trabalhador estrênuo e devorador de cultura, a vida inteira marcaria sua presença com reconhecido brilho, quer como diplomata de carreira, quer em cargos como o de ministro de Estado da Cultura e de presidente da Academia Brasileira de Letras. Na década de 1960 foi relator da IV Comissão da Assembléia Geral das Nações Unidas, cuja atribuição era conduzir o processo de descolonização de países africanos e asiáticos. Sua contribuição em outros domínios, nomeadamente a bibliologia, a documentação, a crítica textual e a literária, a tradução e a lexicografia, foi caracteristicamente a de um intelectual de obstinado rigor e de um inventivo investigador, sempre atuante e comprometido com os problemas da cultura e da língua portuguesa. Seu livro Sugestões para uma política da língua (1960) é marco miliário no hoje superado debate sobre a chamada língua brasileira. Em A crise da nossa língua de cultura (1983), acerca de conceituações de língua, sistema, norma e fala, Houaiss sugeriu a distinção luminosa entre isonomia estrutural e heteronomia cultural, que trouxe novo esclarecimento ao cerne da questão. 0 Português do Brasil (1985) sustenta a luta pela alfabetização e a escolarização como fundamento essencial do depósito e manutenção das características e saberes por nós adquiridos e acumulados, que nos tornam entidade autônoma em relação a outras pelo mundo. Seus Elementos de bibliologia (1967) são o tratado mais abrangente que se escreveu em português sobre questões documentais e em particular bibliológicas - a arquitetura e a feitura do livro, a ecdótica, problemas normativos sobre textos medievais e modernos, normalização de revisão, partes do livro etc. Desenhou, organizou e realizou, em dez anos, as duas enciclopédias mais importantes feitas no Brasil, A grande enciclopédia Delta-Larousse e a Enciclopédia Mirador internacional. Foi também autor de dois dicionários bilíngües inglês-português e supervisionou editorialmente um dicionário enciclopédico de porte médio. Organizou o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, e foi delegado porta-voz brasileiro do Projeto do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa - aprovado em Portugal por decreto legislativo da Assembléia da República em 1991 e no Brasil por decreto legislativo do Congresso Nacional brasileiro em 1995, faltando, para se efetivar, apenas a assinatura dos chefes de Estado dos citados países. Foi o erudito tradutor para o português do Ulisses de James Joyce e, entre outros trabalhos visionários de crítica literária e crítica textual, escreveu Drummond mais seis poetas e um problema e Introdução filológica às Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Em fevereiro de 1986, deu início à elaboração do presente dicionário, interrompida em 1992 por carência de financiamentos. Em março de 1997, em associação com Francisco Manoel de Mello Franco e Mauro de Salles Villar, fundou no Rio de Janeiro o Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia com o fito primeiro de retomar a feitura da obra, interrompida havia cinco anos. Em dezembro de 2000, os trabalhos foram dados por concluídos por sua equipe, mas Houaiss falecera pouco mais de um ano antes, sem poder ver realizado o sonho que tanto acalentara em vida.