BLOG: seminário 5: Base dados de grandes grupos editoriais


Para retomarmos nosso assunto sobre Base de Dados, convém lembrarmos que em seu Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia, Murilo Bastos da Cunha define as Bases de Dados como ““Conjunto de arquivos [...] coordenados e estruturas que constituem um depósito de informações que podem ser acessadas por diversos utilizadores”. Para o autor do conhecido dicionário, as mesmas devem conter arquivos ou depósitos de informação e/ou “programas de tratamento que são colocados à disposição do usuário com o intuito de lhe assegurar serviços básicos de acesso, interrogação, apresentação dos resultados e, em alguns casos, tratamento da informação contida na base de dados” (CUNHA, 2008 p.).

Tendo em vista essa definição, e a importância das Bases de Dados no ciclo da produção e circulação do conhecimento científico contemporâneo, principalmente no contexto das tecnologias digitais, iremos traçar algumas reflexões a respeito das Bases de Dados de Grandes Grupos Editoriais.

 

Em seu seminário sobre o tema, Mirella Mazza e Sophia Amaral apontam três importantes fatores da produção científica que influenciam diretamente para a formação dos grandes conglomerados editoriais de Bases de Dados, são eles:

1 “O modelo de produção científica global é caracterizado pela hierarquização de periódicos científicos, que são classificados de acordo com o fator de impacto”; 

2 “Nesta hierarquia, dominam as revistas pertencentes aos grandes grupos editoriais, que cobram alto custo para publicação e acesso de artigos”;

3 “Universidades financiam as pesquisas por meio de assinaturas de bases de dados destes grandes grupos”.

 

Para termos uma ideia da potência dos oligopólios formados pelos grandes grupos editoriais, as autoras citadas acima afirmam que  em “estudo da Universidade de Montreal, que analisou 45 milhões de documentos indexados na base Web of Science, mostrou que desde 1970 existe um controle de mais da metade das publicações científicas mundiais, concentrado em apenas 6 empresas: Elsevier, ACS, Springer, Wiley, Taylor & Francis e Sage”. Elas constatam que as áreas de química, psicologia e ciências sociais são as que sofrem maior controle de tais grupos, o que faz com que pesquisadores egrupos de pesquisas acadêmicas, em busca de visibilidade, fiquem nas mãos dos interesses de tais grupos. O problema, é que apesar do controle de qualidade das pesquisas publicadas, nem sempre a demanda atendida pelos pesquisas com maior fator de impacto sejam geradas pela própria comunidade científica ou da sociedade em geral, mas sejam fortemente influenciadas pelo mercado.

 

Outro problema relacionado às Bases de Dados pertencentes aos grandes Grupos Editoriais, diz respeito ao financiamento das publicações, ou seja, quem irá pagar a conta do material publicado pelas Base de Dados. Em relação a essa questão, atualmente existem três regimes de publicação e acesso  de textos nas bases de dados, o sistema open access, em que a publicação é paga pelos autores; o sistema de acesso pago pelo usuário; e o sistema misto. Com o corte de bolsas de estudos aos pesquisadores e a maior exigência para que pesquisadores bolsistas publiquem em bases de acesso open access, esse problema do financiamento vem se tornando mais crítico.


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