A Imponência em pessoa (ou seria em edifícil?)


 

Relatório da visita ao Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Medicina da USP

Fui a Biblioteca da Faculdade de Medicina da USP acompanhada da aluna Clarissa (será que isso surpreende alguém???). Escolhemos essa biblioteca por ser uma das poucas que ambas não conheciam e tinham grande interesse em visitar.

 
            Imponência. Essa foi e ainda é a primeira impressão que tenho quando penso naquela biblioteca. Ao vê-la por fora, após a reforma por que passou em 2006, e ao cruzar as portas de ferro maciço, me senti transportada ao começo do século passado: mobília antiga, assoalho impecável, pé-direito alto como em todos esses edifícios antigos e imponentes (ainda tô procurando uma palavra que descreva melhor, mas tá difícil...¬_¬).

 
            Mas outro fator que me chamou a atenção nessa biblioteca é sua semelhança com um hospital ou uma clínica particular: pra começar todos os funcionários de atendimento usam jalecos com o símbolo da FMUSP (parecem médicos!), o saguão parece uma recepção, até as revistas recentes, que são expostas neste, parecem estar dispostos como em uma sala de espera de hospital, as novas aquisições (livros e folhetos) são exibidos no saguão de entrada para serem visualizados imediatamente (como aqueles informativos de saúde que têm nas clínicas).

 
            No primeiro, segundo e terceiro andares encontram-se os acervos de livros e teses, e ao chegar lá, novamente me senti enviada para uma biblioteca do começo do século: um salão de tamanho razoável com algumas mesas de estudo com aquelas luminárias individuais (pareciam com as das bibliotecas de filmes!), quatro paredes cobertas do chão até o teto com livros e teses (no primeiro e segundo andares), e memoriais (no terceiro andar). Os corredores formados ao redor das paredes são muito baixos e estreitos (tive que tomar cuidado várias vezes pra não dar cabeçadas nas escadas superiores!).

 
            Além das placas (que só informavam os setores administrativos da biblioteca), não haviam sinalizações indicando qual o tipo dos materiais, nem dicas nas estantes que informassem os assuntos, ou mesmo os códigos das respectivas prateleiras (pra facilitar o acesso aos materiais), o que fez com que nos perdêssemos várias vezes entre os andares.

 
            Falando em acesso a materiais, na minha humilde opinião, a biblioteca da Medicina parou na Idade Média: o acesso às edições passadas dos periódicos é restrito, melhor dizendo, é proibido, os alunos só podem pedir os artigos no balcão de atendimento, e esses são buscados por um funcionário, ou seja, um processo burocrático que só desestimula a utilização do acervo da biblioteca.

 
            Porém nossa curiosidade foi maior e a visita, que até então era independente, teve que ser autorizada e guiada por um funcionário que nos levou pelos três andares repletos de periódicos em corredores estreitos, sufocantes e (por que não?) assustadores. Como sou um pouco claustrofóbica, fiquei agarrada na Clarissa, torcendo pra não me perder e asfixiar ali. Mas tivemos uma recompensa depois: pudemos ver de perto a coleção de livros raros da biblioteca, incluindo a coleção Oscar Freire, “a menina dos olhos” de lá, como disse o funcionário que nos guiou.

 
            Terminada a visita a parte restrita do acervo, o funcionário (não consigo me lembrar seu nome!) nos levou a sala e restauro, onde fomos interpeladas por uma outra funcionária, que queria saber de onde éramos, se tínhamos autorização para estar ali, qual o nosso interesse no acervo (alguém teve a sensação de um interrogatório? eu também ...>_<), como se estivéssemos invadindo e planejando algum atentado contra a biblioteca, fiquei bastante chateada mas como todos os demais funcionários com quem conversamos foram gentis e prestativos, prefiro pensar no foi uma exceção isolada (ou que a senhora deve ter acordado de mal-humor e descontou nas primeiras que viu pela frente...).

 
            Fazendo um balanço de prós e contras, penso que se a biblioteca fosse mais sinalizada e aberta ao público, seria perfeita, pois é bem atualizada, tem uma infra-estrutura muito boa e após a reforma ficou ainda mais bonita (afinal de contas, é muito melhor estudar em um lugar que não esteja caindo aos pedaços!)!

 
            Gostei muito de realizar essa visita, pois fez com que me lembrasse da primeira vês que entrei em uma biblioteca, ainda criança, e pedi a minha Mãe que fossemos morar lá , por achá-la o lugar mais lindo que já tinha visto!

           


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