Guthenberg ou Choe Yun-ui


Considerada uma das mais importantes invenções de todas as épocas, a imprensa de parte móveis é amplamente creditada à Guthenberg no ocidente. Porém, alguns professores de estudos asiáticos, como o Prof. Dr. David Robison, da Universidade Colgate, apresentam uma nova versão da história.

A idéia romântica de que Guthenberg, sozinho em sua casa, um dia é iluminado com a brilhante idéia de criar partes móveis é algo fascinante para muitas pessoas. Inúmeros documentários foram produzidos pelo assunto, que parece ser longe de críticas ou debates. Porém, hoje já entendemos que isso, como grande parte de todas as descobertas fascinantes da história, não consegue encontrar suporte na realidade.

O fato é que os impérios mongóis, influenciados pelas descobertas religiosas do Islã no Oriente Médio, já usava a imprensa de partes móveis para produzir "Al Corão" em uma larga massa. Com isso, o crescimento da religião foi rápido, expandindo por todos os impérios árabes, que dominavam a península ibérica até dos arquipélagos que hoje fazem parte da Indonésia. Tudo isso séculos antes de Guthenberg ter nascido. 

Muitos apontam o surgimento da imprensa de partes móveis na China, onde o próprio papel teve origem. Marco Polo, em suas navegações pela Ásia, entrou em contato com uma cédula de dinheiro feita em papel e imprensa com partes móveis em algum momento do século XIV. Este artigo foi documentado, e trazido à modernidade graças aos autores Joseph Needham e Tsien Tsuen-Hsuin em "Science and Civilization of China". 

Por motivos diversos, que autores discutem desde a complexidade de caracteres da língua chinesa, onde levava-se cerca de 2 anos em produção acelerada para produzir os 60 mil caracteres necessários para a imprensa de um livro religioso, como os constantes ataques que as tribos nômades realizavam à Pequim, ou ao Império Chinês em geral, como principais causas da falta de expansão do uso da imprensa.

Porém, em 1377, o "Jikji", uma antalogia de contos budistas feitos para monges em coreano, foi publicado. Esse é considerado por muitos especialistas como o primeiro livro impresso em imprensa de partes móveis em ampla escala. A língua coreana, influenciada pela língua japonesa, acabou se simplificando para 24 caracteres (o hangul usado até hoje). Com isso, o processo de criação da imprensa acaba por se agilizar. Esta imprensa era usada em larga escala, em especial dentro da corte e dentro de estabelecimentos privilegiados. E o criador dessa imprensa foi Choe Yun-ui.

Mas, com a conquista da China pelos mongóis, também ocorre uma grande a proibição à educação e tecnologia, baseada no medo de serem usadas contra os novos dominadores. Na China, as caravelas mais avançadas do mundo foram queimadas. Bibliotecas com textos antigos foram confiscados ou queimados. Ocorre uma inversão completa da sociedade baseada na Burocracia e Meritocracia. Da mesma forma, os estados tributários, em especial a penínsua coreana, passam por mudanças obrigadas pelos novos conquistadores. Assim, bibliotecas são fechadas, e os livros são proibidos. Temos também a proibição da imprensa de partes móveis, e grande parte dessas peças são levadas da Coréia para outros lugares do império mongol, afim de facilitar o processo de comunicação de colaboração interna.

Assim, regiões do império mongol foram tomadas por países como Hungria, Polônia e o Sacro Império Romano-Germânico. As impressas desses locais possivelmente entraram em contato com mercadores, passando de mão em mão até Guthenberg.

Os materiais de construção são diferentes, é um fato que o historiador francês Henri-Jean Martin. Mas o mesmo historiador é um dos que defendem que a imprensa de partes coreana é extremamente similar à imprensa de Guthenberg. A peça analisada por Martin é a mesma que aparece como foto nessa postagem, que hoje esta preservada (doada pelo governo coreano) na Seção de Livros Asiáticos da Biblioteca do Congresso Americano. Dessa forma, um debate sobre a criação da imprensa de Guthenberg é criada. 

Mesmo assim, a imprensa de partes móveis e o papel, ambos fundamentais para a criação da revolução da informação da Europa, acabaram sendo os certos para os momentos certos. O debate sobre Guthenberg ter criado a primeira imprensa é interessante, porém não é o fundamental diante da sua capacidade de recriar as peças usando metais e conhecimentos locais. Fora isso, a estabilidade que a região central da Europa deu para a explosão da informação foi algo que não ocorreu na China. 

A importância do momentum histórico foi fundamental para a Guthenberg e sua imprensa. 

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Fontes:

Newman. So, Gutenberg didn't actually invent the printing press. Disponível em:  https://lithub.com/so-gutenberg-didnt-actually-invent-the-printing-press/

Biblioteca do Congresso Americano. Disponível em: www.loc.gov

Jixing, Pan. On the origin of movable metal-type technique. Pequim: Chinese Science Bulletin. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/BF02883966

Hummel, Arthur W.. Movable Type Printing in China: A Brief Survey. Washington: Library of Congress. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/29780300?seq=1

Needham, Joseph. Tsuen-Hsuin, Tsien. Science and Civilisation in China: Volume 5, Chemistry and Chemical Technology, Part 1, Paper and Printing. Londres: Cambridge University Press, 1985.


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