Resenha - A Escola do Futuro
Postagem realizada em: 23/09/2020 às 10:12:43
Autor: Marina Haussauer

Resenha
JUNQUEIRA, A. H. ; PASSARELLI, B. A Escola do Futuro – USP na construção da cibercultur@ no Brasil: interfaces, impactos, reflexões. Logos (UERJ. Impresso), v. 18, p. 62-75, 2011.
Segundo esse estudo sob a perspectiva social e histórica, presenciamos nas últimas décadas, duas ondas da chamada “sociedade em rede”. A primeira onda preocupou-se com as políticas e fornecimento de infraestrutura para a inclusão digital. A segunda, com as diferentes formas de apropriação e de produção de conhecimento na web. As novas tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) necessitam, para seu funcionamento, da criação de um espaço diversificado, dinâmico e vasto.
Segundo pesquisa de 2010, o Brasil lidera os índices de concentração de computadores e de acesso à Internet em toda a América Latina - a existência de computadores nos lares brasileiros atinge 39% e o acesso à Internet, 31%.(JUNQUEIRA; PASSARELLI, 2011, p. 63)*
A Escola do Futuro faz parte de um programa de pesquisa que procura entender como os indivíduos interagem e se conectam com as novas tecnologias, criando assim projetos que promovem acesso gratuito para pessoas de baixa renda, como o AcessaSP - programa focado na “inclusão digital e no protagonismo social, a partir da disponibilização de equipamentos, infraestrutura e acesso à Internet gratuita, o que contribui para o desenvolvimento social, cultural, intelectual e econômico dos cidadãos paulistas”.(JUNQUEIRA; PASSARELLI, 2011, p. 69.
A partir de 2007, O Núcleo de Pesquisa das Novas Tecnologias Aplicadas à Educação Escola do Futuro (NAPEF/USP) da Universidade de São Paulo dedicou-se em acompanhar a evolução da cibercultura no Brasil, aparecendo em posição de destaque, especialmente durante a primeira “onda” do desenvolvimento da Internet no país. O NAPEF instituiu o Observatório da Cultura Digital, sendo esse um lugar privilegiado para pesquisas a respeito das diferentes “literacias informacionais”, das novas maneiras de produção e da problemática da autoria individual e coletiva em ambientes web.
.O conceito de literacia se expande para compreender as novas características da web 2.0 - a hipertextualidade, a interatividade, a desterritorialização e a horizontalização das relações de poder (JUNQUEIRA; PASSARELLI, 2011, p. 67). De acordo com essas abordagens, o indivíduo desenvolveria uma percepção crítica da informação e se tornaria um protagonista relevante e consciente, fortalecendo assim a democracia e a cidadania.
Dado isso, é notável que a criação deste observatório é essencial para uma cultura que é recorrentemente criada e recriada, com ressignificações de valores, narrativas e visões de mundo.
Ao longo de sua trajetória o NAPEF/USP significou uma perspectiva de inserção social valiosa, a qual lhe permitiu interferir diretamente sobre a realidade da inclusão digital brasileira e refletir criticamente, avaliando suas ações e interações com o contexto socioeconômico e histórico do país. Esses programas de educação que estimulam o diálogo entre as tecnologias e os sujeitos podem ajudar o indivíduo a inserir-se na cultura digital, sendo capaz de produzir, selecionar, disseminar informações factuais e ampliar seu repertório de conhecimentos.
* Segundo dados da Pesquisa TIC Domicílios 2010, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil.