Postagem resenha entregue em 26/09
Postagem realizada em: 17/12/2020 às 17:52:29
Autor: Rosana Melo
TEXTO: PASSARELLI, B. Do Mundaneum à Websemântica: discussão sobre os conceitos de autor e autoridade das fontes de informação, BRAPCI, DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação - v.9 n.5 out/08
Resenha
O texto faz uma análise sobre a mudança dos conceitos de autor/autoridade, a partir do advento da sociedade em rede , destaca Paul Otlet como um futurista no controle da informação bibliográfica mundial, caracteriza as três gerações da Web e aborda a revolução no conceito de autoridade a partir de plataformas abertas, como a Wikipedia.
Paul Otlet , pioneiro da Ciência da Informação./Documentação, criou obras como a CDU (Classificação Decimal Universal) e o Tratado de Documentação, além de instituições como o Instituto Universal Bibliográfico e o Mundaneum, projeto para integrar o conhecimento da época, um tipo de Internet em papel, desenvolver uma enciclopédia universal e até mesmo uma cidade do intelecto, que chegou a ser projetada. Ele foi um visionário que cunhou termos como web of knowledge, link e repository of knowledge.
Web
Com a grande revolução por que passou o mundo desde os anos 60, através de movimentos sociais e culturais (libertarismo, direitos humanos, ambientalismo, feminismo, etc) , da revolução tecnológica da informação e das crises econômicas mundiais, surgiu um novo tipo de sociedade, em rede, uma nova economia informacional global e uma nova cultura, a virtualidade real, segundo Castells.
Em 1989, Tim Berners-Lee criou um modelo aberto de rede , a internet, inicialmente para o mundo acadêmico. Depois o WWWC (World Wide Web Consortium), um modelo aberto e neutro onde o acesso à informação é igual para todos, ideais dos movimentos sociais da contracultura, com foco no usuário e uma rede de comunicação horizontal.
Na primeira geração da Internet, Web 1.0, os conteúdos eram de baixa interatividade. Na Web 2.0 apareceram as redes sociais, folksonomias e ferramentas como o Youtube, Wikipedia (enciclopédia coletiva online), etc. A Web 3.0, denominada Web Semântica por Berners-Lee há uma maior capacidade de busca e auto reconhecimento por metadados com descrições ligadas ao conteúdo original . Vários projetos estão sendo desenvolvidos de lá para cá, visando a expansão da comunicação e acesso virtual.
Open Access e Autoridade
Com o surgimento das estruturas abertas, tanto de software como de conteúdo, a autoria coletiva e cooperativa nos ambientes virtuais como sites Wiki (Wikipedia, Wikileaks, Wikitravel, etc) houve profunda transformação na comunicação de informações e conceitos de autor/autoridade das fontes de informação. Com o hipertexto possibilitando acesso através de links sucessivos (sem limites) e o aumento das conexões em rede, a informação na sociedade contemporânea se caracteriza por instantaneidade, transitoriedade, interoperabilidade, interatividade, etc
A comunicação científica e o movimento de livre acesso ao conhecimento também tem que lidar com a questão de autoridade e conflitos, como a ausência de per review. O conceito de informação, porém, passa a ser encarado e produzido com fins de lucro (monetização) nos tempos atuais.
A Wikipédia segue como uma enciclopédia livre, com políticas editoriais multilingue e sem um processo formal de revisão. Prevê-se o acesso de bilhões de novos usuários, de diferentes culturas, uma grande oportunidade de diálogo. Apesar de não possuir revisões sistemáticas, estudos como o da revista Nature não apontam quantidade significativa de erros. Porém sofre críticas sobre a sabedoria incontestável dos coletivos digitais e a internet vista como uma entidade com voz própria .
Para solucionar e embate sobre autoria, Ted Nelson propõe o transcopyright.
TEXTO: JUNQUEIRA, A. H. ; PASSARELLI, B. A Escola do Futuro – USP na construção da cibercultura no Brasil: interfaces, impactos, reflexões. Logos (UERJ. Impresso), v. 18, p. 62-75, 2011.
Resenha
O texto apresenta o Núcleo de Pesquisa das Novas Tecnologias Aplicadas à Educação Escola do Futuro (NAP EF/USP) e seu papel na área da educação, inclusão digital e construção da cidadania no Brasil, além da pesquisa empírica realizada pelo seu Observatório da Cultura Digital.
O início da internet no Brasil se deu na década de 90, para fins acadêmicos (91) e comercial (94).
Foi criado então o NAP EF/USP, dedicado ao estudo sobre a sociedade em redes e comportamento dos atores em rede.
Com o acesso a computadores pessoais (PCs) e à internet, esse conhecimento e comunicação de expandiu. Segundo pesquisa de 2010, o Brasil lidera os índices de concentração de computadores e de acesso à Internet em toda a América Latina , 39% das casas com computadores e 31% internet. Hoje esse número é bem maior.
O NAP EF/USP acompanhou a evolução da cibercultura no Brasil, cuidou de projetos de intervenção social na educação e na construção do protagonismo digital, em 2007, criou o Observatório da Cultura Digital.
O estudo destaca a perspectiva social e histórica, onde presenciamos nas últimas décadas, duas ondas da chamada “sociedade em rede”. A primeira onda preocupou-se com as políticas e fornecimento de infraestrutura para a inclusão digital e a conquista da cidadania dos diferentes públicos beneficiários.. A segunda onda com as diferentes formas de apropriação e de produção de conhecimento na web. Tais demandas levaram à busca de um novo instrumental teórico-metodológico para o estudo dos atores em rede, e elegeram as perspectivas das literacias informacionais e da etnografia virtual como instrumentos para o estudo do conjunto das novas práticas sociais no ambiente virtual e a produção individual e coletiva do conhecimento.
O termo literacias atualmente é usado a partir de aptidões para: realizar julgamentos sobre o conteúdo das informações disponíveis na Internet, usar os diversos conhecimentos para elaborar informações confiáveis, buscar e manter a pesquisa constante das informações atualizadas das novas práticas relacionadas à apropriação e uso das TIC’s (tecnologias de informação e comunicação) .
A pesquisa etnográfica em ambientes digitais é uma relevante abordagem metodológica, viabilizando a observação, a coleta de dados, a análise crítica e a interpretação da cultura produzida pelos agentes conectados via Internet.
Dentro da sua proposta de pesquisa-ação , o NAP EF busca a inovação no uso das TICs na interface com a educação formal e não formal, e implementação de ações voltadas à construção da cidadania e do protagonismo digital, criando assim projetos que promovem acesso gratuito para pessoas de baixa renda, como o AcessaSP - programa focado na “inclusão digital e no protagonismo social, a partir da disponibilização de equipamentos, infraestrutura e acesso à Internet gratuita, o que contribui para o desenvolvimento social, cultural, intelectual e econômico dos cidadãos paulistas”.(JUNQUEIRA; PASSARELLI, 2011, p. 69). Através de Infocentros municipais implantados em bibliotecas da rede pública e de Postos Públicos de Acesso à Internet (Poupatempo, restaurantes Bom Prato, terminais de transporte coletivo), também a produção de conteúdos educativos e promoção de ações de interesse comunitário com o uso das TICs, promovendo a capacitação para o uso cidadão dos computadores, infraestrutura e Internet.
Outros projetos como o EntreMeios São Bernardo do Campo,para promover a integração e o uso das TICs nas escolas da rede pública, o Acessa Escola, para incentivar a inclusão digital de alunos da rede pública estadual de ensino (239 municípios) e o Programa Rede São Paulo de Formação de Docente – REDEFOR .
O NAP EF instituiu o Observatório da Cultura Digital, para estudos da Internet como espaço onde a cultura é permanentemente criada e recriada e os valores, sentidos, conhecimentos, narrativas e representações são ressignificados pela interação dos atores em rede. (JUNQUEIRA; PASSARELLI, 2011, p. 72). O Observatório da Cultura Digital já produziu e disponibilizou à academia e à sociedade: livros e coletâneas publicadas, relatórios analíticos sobre os resultados da Pesquisa Online, Teses e Dissertações junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da ECA USP, artigos científicos e contribuições ao projeto REDEFOR.
Ao longo de sua trajetória o NAP EF/USP instituiu uma perspectiva de inserção social, interferiu diretamente sobre a realidade da inclusão digital brasileira e literacias necessárias. Assim, reflete criticamente, avaliando suas ações e interações com o contexto socioeconômico e histórico do país. Concentra-se nas literacias emergentes na web 2.0, pois novas lógicas e semânticas aparecerão na sociedade em rede. Novos programas de educação serão necessários , desafios a serem enfrentados, para transformar o indivíduo em um cidadão digital.
uma licença para livre utilização de conteúdos online, que permite que se utilize trechos e uma obra misturando-os a outros, criando um novo documento, desde que sejam mantidos os links para o original e assim se possa cobrar.
O grande impacto comportamental causado pelo acesso móvel(smartphones), indica que esse é o meio de acesso que se consolida, dada a sua massificação. Abarcando mídias como a televisão, rádio, imprensa e universo editorial, hoje também é muito utilizado para acessar base de dados, repositórios institucionais, revistas eletrônicas, etc. No futuro a noção de acervo será redefinida, na era das plataformas abertas.