Atividade Avaliativa 2 - Camila Matutino - Bases de Dados - Ciências da Saúde e Ciências Exatas e da Terra


A comunicação científica passou por várias etapas ao longo da história. As pesquisas nas mais variadas áreas do conhecimento eram registradas primeiramente em cartas feitas por pesquisadores. Trocar uma informação  era algo que demorava muito tempo e não era destinado para toda a sociedade, pois não eram todas as camadas sociais que tinham acesso ao conhecimento e sabiam o letramento. Ainda havia o fato de que a ciência estava vinculada à religião e que o conhecimento demorava muito tempo para ser compartilhado entre os estudiosos.

Percebe-se neste contexto que até a comunicação via correio chegar a ser trocada entre os pares já havia muitos outros fatores analisados e descobertos. Pode-se dizer que a ciência caminhava até então a "passos de tartaruga" e era praticada entre determinados pesquisadores privilegiados pela oportunidade de estudar. 

Da necessidade de se expandir os conhecimentos de uma forma mais eficaz surgiram as primeiras publicações acadêmicas em aproximadamente 1665  d.C. Na França foi lançado o Journal de Sçavans e na Inglaterra no mesmo  período surgiu o  Philophical Transactions of the Royal Society.  Elas foram um pontapé para outras grandes revistas acadêmicas que viriam posteriormente e um passo importante para o avanço das pesquisas científicas.

É importante considerar por outro lado que, neste período histórico, o avanço do conhecimento não deixou estar  atrelado ao pensamento religioso. Havia um crivo pelo qual a ciência deveria passar. Se um estudo científico questionasse os dogmas religiosos, era abolido na maioria das vezes . Esse processo durou muito tempo, séculos; se perpetuou por muito tempo. 

A quebra deste paradigma apesar de não ter sido fácil, foi consolidada no século XVIII através da implantação de novas ideologias baseadas na razão e em novas formas de se considerar o  conhecimento como algo que precisava ser provado com evidências.  As primeiras revistas acadêmicas citadas acima foram um pontapé para que as mudanças pudessem acontecer e de fato elas ocorreram.  

Uma prova deste processo foram as novas revistas acadêmicas  publicadas como a Nature (1869), Engineering Index (1884) e a Chemical Abstract (1907). Elas não tinham mais conceitos religiosos presentes nelas como as primeiras publicações. Em 1810 houve até um plano para a criação de uma bibliografia universal por Martin Schereltinger onde índices bibliográficos impressos facilitariam a procura de itens nos catálogos das bibliotecas. 

Principalmente nas ciências médicas o avanço científico foi muito rápido. Uma prova disto foram as publicações como o Index Medicus (1879) e a Excerpta Medica (1946). 

A partir de então o conhecimento só evoluiu até chegar ao que se conhece atualmente. A implantação da tecnologia trouxe um avanço científico como nunca visto na história. 

A troca de informações tornou-se mais rápida por intermédio da comunicação por e-mail e também por meio de repositórios de dados que começaram a se firmar como referência de saberes como o Medical Literature Analysis and Retrieval System (MEDLARS), o Scientific and Technical Aerospace Reports (NASA), Institute for Scientific Information(ISI) , o Medline (1971) e o Embase (1972). 

Em 1980 algumas bibliotecas no mundo começaram a  obter softwares e dados em  disquetes e ofertavam bancos de dados em CD-ROM que continham textos acadêmicos e se utilizavam de interfaces de pesquisas. 

No Brasil este processo demorou um pouco mais para se implementar. Praticamente ele ocorreu uma década depois. No estado de São Paulo, por exemplo, só em 1999 implantou-se o chamado ProBe - Programa Biblioteca Eletrônica -  que foi uma cooperação entre as universidades e a Fundação de Amparo à Pesquisa deste estado que possibilitaram o acesso à bases de dados e artigos científicos com texto completo produzidos internacionalmente. Isso nos anos seguintes daria a estruturação das bases de dados do Portal de Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) - que seria atualmente uma das maiores bases de pesquisas científicas do país. 

Atualmente a forma de se  interagir com o conhecimento se modernizou através da chamadas plataformas digitais ou bases de dados.  Existem nelas Catálogos Online que facilitaram muito a vida do usuário. Este pode ter acesso ao acervo disponível na biblioteca de forma eletrônica e também manual, pois nos sistemas informatizados já se pode localizar uma obra dentro das prateleiras da biblioteca com muito mais facilidade que antigamente. Hoje a renovação de um livro ou o empréstimo de materiais também foi facilitado por este sistema. 

As bases de dados atuais podem ser classificadas em bases referenciais ou então de texto completo (ou seja, as que em geral reúnem conjuntos de revistas ou E-books). Elas podem ser de caráter multidisciplinar ou especializadas, a depender do seu público alvo.

Assinar as bases de dados de grandes Publishers -  como por exemplo Elsevier, Clarivate , Proquest , EBSCO custam muito caro e seu conteúdo são para públicos específicos. Por isso novas alternativas como Repositórios e Bibliotecas Digitais tem surgido para expandir o conhecimento científico. 

As áreas de conhecimento dentro de bases de dados podem receber várias classificações no mundo todo. Algumas das principais classificações são: 1-  ASJC (All Science Journal Classification) utilizada por exemplo pela Scopus;  2- WOS (Research Areas in Web of Science) ; 3- FORD–Fields of Research and Development (FORD) Classification –esta classificação é usada pela Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD); 4- QS–Quacquarelli Symonds Classification –usada no QS World University Rankings. Cobre 5 áreas de conhecimento e 49 sub-áreas; 5 -THE–Times Higher Education Classification –usada pelo THE World University Rankings. Cobre 11 áreas de conhecimento mapeadas pela ASJC; 5 - CAPES–Classificação de áreas e 6-FAPESP–A classificação baseia-se na tabela do CNPq. Na CNPq ocorre uma classificação por áreas de conhecimento. 

Ao se tomar como base de estudo  a última classificação citada acima, pode-se dividir o conhecimento das bases de dados nas  seguintes categorias: Ciências Agrárias; Ciências Biológicas; Ciências da Saúde; Ciências Exatas e da Terra; Ciências Sociais Aplicadas; Engenharias; Linguística; Letras e Artes; Multidisciplinar e Ciências Humanas. 

Abaixo estão alguns exemplos de bases de dados em Ciências da Saúde e Ciências Exatas e da Terra. 

Base de dados de Ciências da Saúde

Embase: revisão sistemática e interativa, diretrizes e protocolos clínicos, avaliação de tecnologias em saúde.

Medline: é uma base abrangente, com vocabulário controlado MeSH.

Cochrane Library: reúne e relaciona 3 bases, Pubmed, Medline e Embase.

BVS: portal regional da bvs, possui busca integrada nas bases de dados da Bireme.

UptoDate: não é uma base de dados, mas é um recurso de suporte a decisões médicas.

Ageline: Base especializada em Gerontologia.

Primal Pictures: anatomia humana que disponibiliza ao usuário figuras tridimensionais da anatomia humana.

SciFinder: informações científicas e tecnológicas desenvolvida pelo CAS – Chemical Abstracts Service.

Bases de dados de Ciências Exatas e da Terra

ACM Digital Library

CAB Direct Mathscinet

IOP Science

Geosicence World

JSTOR Science & Mathematics. 

Para se ter uma dimensão melhor da importância destas classificações das bases de dados para as pesquisas científicas, a seguir será explicitada com mais detalhes um exemplo de cada uma destas tipologias citadas acima. 

Ciências da Saúde 

Medline

A base MEDLINE Complete oferece informações sobre medicina, biomedicina, enfermagem, odontologia, veterinária, sistemas de saúde dentre outras áreas, além da possibilidade de trabalhar com o vocabulário controlado MeSH(Medical SubjectHeadings) da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA, que utiliza níveis de hierarquização e relacionamento da informação para localizar citações, referências e artigos de interesse. Permite acesso ao texto completo de mais de 2.300 periódicos com período de acesso variando desde 1916 até o presente.

Ciências Exatas e da Terra  

CAB Direct Mathscinets

A base de dados bibliográficos CAB Directoferece acesso a mais de 8,9 milhões de referências e resumos desde 1973 até o presente com mais de 350 mil registros adicionados no último ano. A base cobre a área de Ciências da Vida Aplicada como Agricultura, Engenharia Ambiental, Medicina Veterinária, Ciência e Tecnologia de Alimentos e Nutrição.

Por fim, pode-se perceber por estas descrições acima que o conhecimento expandiu muito os seus limites. A tecnologia possibilitou que o homem fosse além das suas fronteiras não somente geográficas mas também de registro saberes. Nunca se produziu tanto conhecimento científico nesta velocidade em toda a história da humanidade. 

As bases de dados sem dúvidas ganharam um espaço primordial quando o assunto é o conhecimento. Elas são hoje o principal instrumento de busca de conhecimentos científicos. Elas colocaram em si o passado, são o presente e aperfeiçoarão nelas o futuro. 

REFERÊNCIAS 

DRUCKER, P. Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira, 1999. 

MORAES, C. R. B. de; FADEL, B. A informação no contexto organizacional: tipos, características e usos. Ibersid. [S.I]. p.61-65, 2009. 

SALLES FILHO, S. (coord.). Ciência, tecnologia e inovação – A reorganização da pesquisa pública no Brasil. Campinas: Editora Komedi, 2000. 

SCHWARTZMAN, S. A pesquisa científica e o interesse público. Revista Brasileira de Inovação. Campinas: v.1, n.2, p.361-395, jul/dez 2002. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


© 2017 - 2025 by NeoCyber.