Aula 03 (03/05) - Palestra Macambyra - Mercado de periódicos científicos


Na palestra sobre as bases de dados das Humanidades, Ciências Sociais e Ciência da Informação, a palestrante Marina Macambyra nos relatou sobre a campanha de boicote à maior editora de periódicos científicos, a Elsevier, explicando as críticas mais comuns que se fazem ao modelo de negócio que regula o mercado de artigos científicos de acesso pago.

O mercado do acesso aos periódicos científicos é segmentado em dois nichos: um nicho de repositórios de acesso aberto, sem fins lucrativos; e um nicho comercial, de repositórios restritos. Como explica Ágata Chimenes, em sua dissertação chamada “O mercado de publicação científica: um trade off entre difusão e reputação“, a estrutura de mercado do nicho pago é caracterizada pelas relações oligopólicas das editoras.

Editoras como Elsevier, Springer, Wiley & Blackwell e Thomson Reuters são empresas de alcance internacional que dominam grande parte do mercado de periódicos científicos, e portanto, se aproveitam de um sistema relativamente pouco oneroso e com enormes lucros.

Pouco oneroso porque as editoras não pagam pelas pesquisas que se tornarão seu ativo para venda. As pesquisas são financiadas pelas universidades e centros de pesquisa, quase sempre instituições públicas, que pagam o pesquisador pela realização de seu trabalho. Até o trabalho feito na própria editoração do periódico como a revisão, costuma ser feito de maneira não-remunerada, mas baseada no prestígio que um pesquisador ganha ao revisar artigos de seus pares.

Apesar do trabalho de editoração e disponibilização do acesso aos artigos de fato agregar valor no processo de trocas do mercado de pesquisa, o preço das assinaturas dos periódicos dessas empresas ultrapassam injustificadamente esses valores, garantindo lucros exorbitantes. Uma das táticas para isto é conhecida como a venda de assinaturas por “agrupamento”, que é a negociação com instituições a partir de “pacotes” de assinaturas de diversos periódicos, onde alguns deles são desnecessários para tal instituição, mas acabam sendo adquiridos, pois estão sendo negociados juntos a periódicos considerados essenciais.

Referência:

CHIMENES, Ágatha do Prado Acosta. O mercado de publicação científica: um trade off entre difusão e reputação. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas) Universidade Federal do Paraná. Curitiba, p. 90, 2016.

 


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