Seminário 6
Postagem realizada em: 12/07/2021 às 02:19:41
Autor: Camila Girotto
No último seminário do curso, os colegas trouxeram informações bastante completas e da maior importância não apenas para profissionais da informação como para toda a sociedade, a julgar pelo contexto de hiperconectividade e dos avanços cada vez maiores da tecnologia sobre nossos dados pessoais e sobre nossos potenciais humanos, como a inteligência.
Inicialmente, houve uma apresentação do conceito de Big Data. Em resumo, trata-se de um nome genérico para o grande volume de dados gerados no que se convencionou chamar de sociedade de informação. Os cinco principais vetores ao se tratar de Big Data são a velocidade, o volume, a variedade, a veracidade e o valor com que esses dados se apresentam, sendo que estes dados podem ser estruturados (ou seja, padronizados/modelados a partir, costumeiramente, de metadados pré-definidos, como bancos de dados), ou não-estruturados (aqueles dados que não são organizados a partir de um modelo pré-definido – a exemplo de comentários em redes sociais ou mídias como vídeos e fotos). As grandes empresas que atuam nesse segmento de Internet e tecnologia (como Google, Netflix, Facebook e outras) utilizam ferramentas processadoras de Big Data para extração, organização e tratamento de dados de seus usuários, para então lidar com esses dados (agora estruturados) de forma lucrativa.
A questão da Internet das Coisas (IdC ou IoT) está intimamente associada à do Big Data, visto que a IdC, ao realizar uma espécie de mediação entre o mundo físico e o digital, amplia o contato com as atividades e interesses humanos, fornecendo mais dados (através não apenas dos computadores usuais como também eletrodomésticos “inteligentes” ou dispositivos de controle de insulina, por exemplo). Esse grande volume de dados, os quais serão processados para transações comerciais pelas grandes empresas, também servem ao que se chama, hoje, de “capitalismo de vigilância”, cujo cerne é o uso dos algoritmos para prever comportamentos futuros e negociar os dados pessoais de milhões de pessoas como commodities a outras empresas (principalmente de anunciantes). Este cenário gera, evidentemente, questões éticas sobre privacidade, direito à informação e segurança dos dados pessoais. Soma-se ainda o fato de que nossas atividades na Internet rendem lucros a outrem, ou seja, há uma exploração econômica privada de nossos dados pessoais – o que, se por um lado não é uma novidade no capitalismo (apropriação privada de trabalho coletivo, social), por outro lado há um fator novo no tipo de mercadoria, o que por si só já rende muita discussão.
A Inteligência Artificial (IA) seria um desdobramento dos avanços obtidos na tecnologia em simular capacidades humanas de inteligência (notadamente, em repetir padrões), e tem como marcos históricos os trabalhos principalmente de Shannon e de Alan Turing, no contexto da II Guerra Mundial. Como alguns exemplos de aplicação de IA, temos os atendimentos automáticos por chat em sites, e recursos como Alexa e machine learning. Uma das discussões foi o impacto que a IA tem e que provavelmente terá sobre os empregos. Se em outros contextos sociais o avanço da tecnologia poderia livrar as pessoas de tarefas repetitivas e/ou perigosas, e conseguir reduzir a carga horário de trabalho média sem prejuízo das condições de vida dos trabalhadores, no capitalismo a realidade é que o uso de tecnologias como a IA serve para não haver custos com trabalhadores e assim haver uma substituição da mão-de-obra humana pela máquina, o que piora ainda mais as taxas de desemprego tanto dentre os trabalhadores que executam funções braçais quanto os trabalhadores mais especializados.
Eu acrescentaria, ainda, a questão do que significa “aprender” neste contexto, ou seja, a educação e a indústria cultural normatizaram a tal ponto a repetição de fórmulas e a massificação de uma ilusão de pensamento que, se uma máquina é capaz de mimetizar apenas uma das funções da inteligência (notar padrões) e isso ser capaz de substituir humanos em várias funções, então o que depreendo desse cenário é que nossa inteligência (que é potencialmente complexa e multifacetada) já foi há muito diminuída para poder ser cambiável por uma máquina.