O Fonógrafo e os primeiros registros sonoros reproduzíveis


Como foi introduzido na Aula 2, durante a história o ser humano encontrou diversas maneiras de expressar os conhecimentos que adquiriam, as crenças que influenciavam seus hábitos e costumes, e as atividades lúdicas praticadas por cada comunidade. Essas expressões poderiam ser imateriais, como o hábito de transmitir conhecimentos oralmente, ou poderiam ser expressas em fontes de informação físicas, como livros, fotografias, e outros suportes usados para transmitir informação. E esse artigo apresentará um capítulo importante para o registro e transmissão de informações sonoras.

Apesar de ser antigo o hábito de registrar sons – como através de transcrições e partituras –, foi somente no século XIX que surgiu o primeiro sistema de gravação sonora, pelo bibliotecário francês Édouard-Léon Scott de Martinville. Porém, o dispositivo – que ganhou o nome de Fonoautógrafo – não era capaz de reproduzir os sons gravados, e todos os sons registrados pelo instrumento só puderam ser ouvidos em 2007. Logo, o francês se tornara em 1857 o primeiro a construir um dispositivo capaz de gravar sons, mas só anos depois alguém seria capaz de gravar e reproduzir gravações sonoras.

Este alguém era Thomas Edison, que, em 1877, inventou o Fonógrafo. De maneira similar à invenção francesa, o Fonógrafo consistia em um cilindro com o exterior metálico que era pressionado por uma agulha enquanto girava em seu próprio eixo, sendo a agulha também ligada a um diafragma que possibilitava a reprodução do som. O som produzido era difundido através de um cone ligado ao cilindro. Para reproduzir o som, era necessário girar o cilindro ao sentido contrário em que estava sendo girado quando o som foi gravado.

Nas primeiras versões do instrumento, era necessário que houvesse um profissional experiente na utilização do dispositivo para manejar o Fonógrafo, o que se mostrou um dos primeiros problemas para a ampla comercialização do produto. Não só o Fonógrafo era caro e difícil de se utilizar, como também, inicialmente, não reproduzia os sons sozinho. O dispositivo apresentara uma grande inovação ao conseguir registrar e reproduzir qualquer som, porém, limitar o acesso das informações contidas nos cilindros para alguém que tivesse um profissional disponível para reproduzir manualmente o som tornava o dispositivo inviável, não só como uma fonte de informação, mas como um produto a ser produzido em larga escala para a sociedade da época. Vale mencionar que, neste momento, o Fonógrafo ainda era usado principalmente para atividades cientificas, não sendo muito utilizado para reproduzir informações lúdicas.

Enquanto Edison trabalhava na criação da lâmpada incandescente, os cientistas Alexander Graham Bell, Chichester A. Bell e Charles Sumner Tainter incrementaram no dispositivo sua primeira inovação: cilindros com o interior de cera, que eram mais práticos, e a possibilidade de retirar os cilindros da base do dispositivo, uma vez que, antes, eles eram fixados no Fonógrafo. Apesar de ter recusado a parceria com tais cientistas, Edison aplicou as ideias dos concorrentes no próprio trabalho, e, após de investir no desenvolvimento comercial de sua invenção, decidiu expandir seu negócio para o ramo do entretenimento, como a produção de cilindros musicais, por exemplo.

Até o começo do século XX, a produção de Fonógrafos por Edison passou por altos e baixos, como: a falência de algumas empresas que produziam seus dispositivos, a criação de outros métodos de reprodução de som, a inviabilidade do Fonógrafo e a falta de praticidade para o público geral, entre outros. Porém, esses problemas não impediram Edison de continuar a insistir no mercado, já que Fonógrafo ainda era usado por alguns indivíduos.

O que marcou de vez a queda do Fonógrafo como fonte de reprodução de informações sonoras foi a criação dos discos de vinil. O público geral não só passou a comprar discos de vinil por serem mais baratos, mas também pelo formato leve e prático, e pela capacidade de reproduzir sons com maior duração. Edison só desistiu de produzir seus cilindros em 1929, mas, até este momento, seus produtos eram limitados aos seus clientes fiéis; quase toda a sociedade já havia aderido à utilização de dispositivos como o Gramofone, que se mostraram uma alternativa muito mais prática tanto no meio lúdico quanto no meio científico.

Os cilindros fonográficos e o Fonógrafo em si foram invenções que contribuíram imensamente para o desenvolvimento e evolução de dispositivos de reprodução sonora. Contudo, é interessante analisar que caíram no desuso por conta da falta de praticidade em reproduzir informações sonoras, e pela excessiva confiança de Edison em sua própria invenção – uma vez que a opção de insistir nos cilindros perto do fim da empresa foi sua, assim como a opção de recusar parcerias com outros cientistas –; por fim, como fonte de informação, é impressionante analisar que o dispositivo tinha a capacidade de transformar sons, que são imateriais, em registros materiais que podem ser lidos por um dispositivo que reproduz essa informação não-material, e que foi um dos dispositivos a tornar a reprodução sonora prática como é na atualidade.

 

REFERÊNCIAS:

FONTES de Informação. Nexus. Acesso em: 25 de ago. de 2021.

THE PHONAUTOGRAMS of Édouard-Léon Scott de Martinville. First Sounds. Disponível em: http://www.firstsounds.org/sounds/scott.php. Acesso em: 25 de ago. de 2021.

OUR Sounds. First Sounds. Disponível em: http://www.firstsounds.org/sounds/. Acesso em: 25 de ago. de 2021.

HISTORY of the Cylinder Phonograph. Library of Congress. Disponível em: https://www.loc.gov/collections/edison-company-motion-pictures-and-sound-recordings/articles-and-essays/history-of-edison-sound-recordings/history-of-the-cylinder-phonograph/. Acesso em: 26 de ago. de 2021.

HOW does a phonograph work?. Rough Science. Disponível em: https://www.pbs.org/weta/roughscience/series2/challenges/sound/page3.html. Acesso em: 26 de ago. de 2021.


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