Tarefa - Resenhas 20/09/2021
Postagem realizada em: 21/09/2021 às 00:50:17 - Última atualização em: 21/09/2021 às 00:51:26
Autor: Gabriel Alves
Universidade de São Paulo – USP
Escola de Comunicação e Artes – ECA
Departamento de Informação e Cultura – CBD
CBD0200 - Recursos Informacionais I (2021)
Gabriel Piscitelli Alves - Nº USP 11760166
Resenhas:
A Escola do Futuro (USP) na construção da cibercultura no Brasil: interfaces, impactos, reflexões
O referente artigo debate a construção da internet no Brasil, sendo historicamente interligada ao NAP EF/USP, assim, é revisto a trajetória dessa vanguarda, focando-se em suas principais áreas de atuação: a pesquisa-ação e a pesquisa empírica, realizada pelo seu Observatório da Cultura Digital. A primeira conexão da Internet no Brasil, restritamente ao ambiente acadêmico, ocorreria em janeiro de 1991, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). A partir do final da década de 1990, a Internet seria introduzida ao ambiente comercial, no Brasil, isso veio a ocorrer em 1994. Dentre as principais conquistas tecnológicas que definiram o período e impulsionaram o desenvolvimento em escala mundial, foram criações como a world wide web (WWW), do protocolo de transferência de hipertexto (Hyper Text Transfer Protocol – HTTTP) e da linguagem de marcação de hipertexto (Hyper Text Markup Language - HTML). Acompanhando esse surgimento, na Universidade de São Paulo, o Núcleo de Pesquisa de Novas Tecnologias Aplicadas à Educação Escola do Futuro (NAP EF/SP) era criado, congregando um grupo de pesquisadores dispostos as novos desafios e perspectivas que as novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) entregariam. Nesse cenário haveria também um crescimento acelerado da oferta e do acesso aos computadores pessoais (PCs), a partir da segunda metade da década de 1980, quanto do uso da Internet, ao final da década de 90, se modificaria profundamente o ambiente comunicativo e informacional da sociedade brasileira, como visto pelos dados da Pesquisa TIC Domicílios 2010, realizada pelo Comitê Gesto da Internet no Brasil – CGI.br, a penetração de computadores nos lares urbanos brasileiros atinge 39% e o acesso à Internet, 31%.
Nessas últimas décadas, o NAP EF/USP acompanhou a evolução da cibercultura no Brasil, sendo vanguarda em projetos de intervenção social na educação e na construção do protagonismo digital, a partir de 2007, até chegar em seu atual estágio investigativo e reflexivo consolidado na criação do Observatório da Cultura Digital.
De acordo com Junqueira e Passarelli (2011, p.67) sobre literacias digitais.
No Brasil, as pesquisas sobre literacias emergentes têm sido a tônica da pesquisa do NAP Escola do Futuro, da Universidade de São Paulo, sob a coordenação científica da pesquisadora Brasilina Passarelli. Para ela, na passagem da cultura apenas letrada para a cultura das diferentes mídias e da convergência entre elas (JENKINS, 2008), o conceito de literacia obrigatoriamente se expande para incorporar as novas características e potencialidades da web 2.0, marcada por novas lógicas e narrativas. Nestas, ganham corpo a hiper- textualidade, a interatividade, a desterritorialização e a horizontalização das relações de poder. Para a interação em rede, os indivíduos têm que ser capazes de comunicar-se nas e pelas novas linguagens, reconhecendo as práticas sociais e os gêneros textuais envolvidos nas interfaces multimidiáticas.
Através do NAP EF/USP, houveram projetos na educação e cidadania, alguns exemplos, como de inclusão digital da população carente, o Programa AcessaSP, o Programa Rede Entremeios São Bernardo do Campo e o Programa Acessa Escola.
Do Mundaneum à WEB Semântica: discussão sobre a revolução nos conceitos de autor e autoridade das fontes de informação
No artigo, debate-se uma discussão sobre as revoluções que aconteceriam nos conceitos de autor e autoridade dentro do contexto da sociedade em rede. Desta forma, a autora utiliza-se de alguns nomes importantes para mencionar quais desses figuraram, ou que de alguma maneira, ajudaram a implementar para que acontece o panorama atual, tais nomes como Theodore Nelson, Paul Otlet, Tim Berners-Lee, Jean-François Lyotard, também discute-se questões como narrativa não-linear, hipertexto, texto colaborativo e suas implicações nas formas recentes de produção e circulação do conhecimento, incluindo exemplos de coletivos digitais enciclopédicas como a Wikipedia. Inicialmente, é apresentado o projeto Mundaneum, elaborado por Paul Otlet, fundador pioneiro da atual Ciência da Informação, criou um museu inaugurado em 1910, em que seu auge contabilizaria cerca de 70.000.000 de entradas, e o desenvolvimento de uma enciclopédia universal criada a partir do acervo coletado e indexado, como também na construção de uma cidade do intelecto (city of the intellect). Foi considerado o precursor de conceitos como o hipertexto, Otlet foi um visionário com ideias que influenciaram muitas das inovações que possuímos atualmente. Theodore Nelson, foi idealizador do termo hipertexto nos anos 60, influenciaria Tim Berners-Lee, ao qual, posteriormente em 1989, criaria a denominada Internet. Assim, nos anos 60 e 70 durante a revolução da tecnologia da informação; da crise econômica do capitalismo e do estatismo e a consequente reestruturação de ambos; e o apogeu de movimentos sociais e culturais, tais como o libertarismo, os direitos humanos, o feminismo e ambientalismo deram origem a uma nova estrutura social dominante, a sociedade em rede; uma nova economia, a economia informacional/global; e uma nova cultura, a cultura da virtualidade real. A internet nasceria em foco para o usuário no qual prevalece o ideal da comunicação horizontal em oposição à hierarquia vertical que rege as relações humanas em ambientes outros que não a Internet. Em seguida, no artigo, Passarelli define as três gerações da Web, sendo elas a Web 1.0, a primeira geração comercial da Internet com conteúdo de baixa interatividade, a Web 2.0 contemporânea entre nós, caracterizada por redes sociais e folksonomias, como também ambientes tais quais a Wikipedia e o Second Life, e a Web 3.0 ou Web Semântica ainda em construção, caracterizada pela maior capacidade de busca e autorreconhecimento dos conteúdos, por meio de metadados com descrições ligados aos conteúdos originais. A revolução nos conceitos de autoria e autoridade das fontes de informação nas plataformas open access. Inicia-se no tópico, uma discussão a respeito das mudanças nas formas de comunicação a partir da narrativa não-linear, a qual se torna possível por meio do hipertexto e dos hiperlinks, instaurando-se novas meios característicos na comunicação, tais como a instantaneidade, transitoriedade, interoperabilidade e interatividade. Em relação ao questionamento sobre a autoridade das fontes de informação tradicionais, a autora cita a Wikipedia, enciclopédia digital de estrutura aberta onde qualquer usuário pode interagir e editar. No entanto, existem alguns pontos conflitantes acerca dos chamados wikis. Dentre os aspectos negativos está o debate sobre a credibilidade das informações reunidas através dos textos colaborativos, em que qualquer pessoa pode fazer uma entrada e contribuir para a definição de um determinado conceito, em oposição ao conhecimento dito acadêmico ou científico. Além disso, Jaron Lanier compara as entradas da Wikipedia à Bíblia, onde não há identificação do autor, entretanto, existem diversos autores. Ele também credita parte do problema ao conceito equivocado da sabedoria incontestável dos coletivos digitais e alerta para o perigo da sacralização da Internet como entidade portadora de voz própria e a banalização ou desvalorização dos usuários os quais contribuem para a produção coletiva de tais conhecimentos.
Referências
PASSARELLI, B. Do Mundaneum à WEB Semântica: discussão sobre a revolução nos conceitos de autor e autoridade das fontes de informação. DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação, v.9, n.5, out. 2008. Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/221777408/PASSARELI-Mundaneum-a-Web-Semantica-Discussao-Sobre-a-Revolucao-Nos-Conceitos-de-Autor-e-Autoridade-Das-Fontes-de-Informacao>. Acesso em: 20 set. 2021.
JUNQUEIRA, A. H.; PASSSARELLI, Brasilina. A Escola do Futuro (USP) na construção da cibercultura no Brasil: interfaces, impactos, reflexões. LOGOS, vol.34, n.1, 2011. Disponível em: <http://www.logos.uerj.br/PDFS/34/05_logos34_junqueira_passarelli_escola.pdf>. Acesso em: 20 set. 2021.