Resenhas (20.09)
Postagem realizada em: 25/09/2021 às 11:48:30
Autor: Thayna Carvalho Gomes
Nome: Thayna Carvalho Gomes
Número USP: 11760187
Período: Matutino
Atividade: Resenhas (20 set. 2021)
Resenha I - Do Mundaneum à Web semântica: discussão sobre a revolução nos conceitos de autor e autoridade das fontes de informação
O artigo da Prof. Dra. Brasilina Passarelli aborda a revolução nos conceitos de autor e autoridade desde o Mundaneum até a Web Semântica. Para introduzir o leitor e criar uma base sobre o tema, a autora começa o texto falando sobre o Mundaneum, que foi criado por Paul Otlet (1868-1944), um dos pais da Ciências da Informação, com o intuito de acomodar a produção do conhecimento.
Era pensando em um sistema de fichas em papel, utilizando a CDU como classificação. O museu abriu pela primeira vez as suas portas em 1919, com aproximadamente 70000000 entradas, e ainda se pensava na elaboração de uma enciclopédia universal, bem como também na criação da City of Intellect. Entertanto, após alguns anos o Mundeaneum foi fechado e seu acervo hoje está na França. Sobre isso, é válido mencionar que no documentário L'homme qui voulait classer le monde (2002) é possível visualizar mais sobre as ideias de Otlet.
Após essa base, o artigo expõe a importância de Otlet na influência de pesquisadores e estudos envolvendo o controle bibliográfico e o acesso à informação. Com o objetivo de exemplificação, o texto traz tópicos apontando que Otlet “previu” certas invenções futuras, como o Memex ou máquinas muito parecidas com o que chamamos hoje de computadores e ferramentas como buscas em bases de dados.
Mais adiante, a autora começa a abordar de forma didática, as gerações da Web. Primeiro é apresentado ao leitor o contexto de sociedade em rede, que surgiu no contexto de revolução tecnológica, capitalismo, crise econômica e ascensão de movimentos sociais.
Foi Berners-Lee que iniciou o desenvolvimento de código aberto na internet, com o objetivo de criar uma rede para cientistas compartilharem informações, pautado principalmente nos conceitos de neutralidade e igualdade. É nessa parte que o texto chama a atenção para o fato de que o foco usuário surge exatamente quando a internet preocupa-se com a comunicação de todos com todos.
Quando o artigo foi produzido e publicado, em 2008, havia três gerações de Web, agora já temo a 4.0. Sendo assim, o texto traz a definição das três Webs, a primeira seria a Web 1.0 onde havia baixa interatividade, já na Web 2.0 era caracterizada pelas mídias sociais, e a Web 3.0, também reconhecida como Web Semântica, objetivava a interação entre computadores e máquinas. É importante ressaltar que no período do artigo, a Web 3.0 ainda não existia, e é interessante refletir o quanto a Web evoluiu rapidamente nesses treze anos.
Após toda uma base explicativa apresentada ao leitor, o artigo adentra sobre os conceitos de autoria e autoridade. O texto menciona a preocupação com os efeitos do hipertexto e reconfiguração do autor, da narrativa e da escrita. E também aborda as problemáticas que a comunicação cientifica e o movimento do livre acesso ao conhecimento enfrentam na sociedade em rede.
Durante essa abordagem merece destaque a menção do filósofo Lyotard (1924-1998), que em uma tese disse que as grandes narrativas não se sustentam na sociedade em rede, que tende a aderir as mini-narrativas, e que o conhecimento na sociedade seria produzido para ser vendido.
Também é abordado no texto a Wikepedia, enciclopédia virtual que pode ser escrita e editada por qualquer pessoa, criando uma espécie de colaboração de autoria de diversas pessoas, inclusive dando liberdade para que pessoas comuns possam contribuir com a produção do conhecimento.
O texto de forma astuta ainda questiona a validação das informações presentes na Wikipedia, visto que, qualquer pessoa pode escrever e editar um verbete, mas o artigo já traz uma pesquisa da revista Nature (2005), onde é feita a comparação das informações contidas na Wikipedia e na Enciclopédia Britânica, e a pesquisa demonstrou que as diferenças não eram significativas em termos de acuidade.
Entretanto, como evidenciado no artigo, a pesquisa rendeu mais ideias e conflitos sobre a temática. Destaca-se a opinião de Lanier que não critica a ideia da Wikipedia, mas sim como ela expandiu-se tão rapidamente, e que o pensamento de que várias mentes não podem estar erradas pode criar problemas em relação a veracidade das informações. O autor ainda menciona que o interessante da internet é conectar pessoas.
A última parte do artigo encarrega-se do “futuro do futuro”, expondo uma possível solução, intitulada transcopyright e dada por Ted Nelson, em relação ao conflito entre os detentores de copyright e as pessoas que querem roubar os conteúdos. Além disso, ainda destaca os estudos de Rheingold (2002) e sua exposição sobre o uso de celulares e comunicação virtual.
Ademais o artigo finaliza dizendo que futuramente a noção de acervo, acesso à informação e a Ciências da Informação teriam que mudar certos conceitos. Treze anos após a publicação desse artigo, vemos que a autora estava certa e que cada vez mais tem-se aberto questões sobre as temáticas.
Resenha II – A Escola do Futuro na USP na construção da cibercultura no Brasil: interfaces, impactos, reflexões
O Artigo produzido pela Profa. Dra. Brasilina Passarelli e pelo Dr. Antonio Helio Junqueira, objetivava expor e refletir sobre a trajetória, que se entrelaça com a trajetória da internet no Brasil, da Escola do Futuro da USP. Para emergir o leitor no tema, os autores, de forma explicativa, começam o artigo trazendo o contexto histórico da temática, onde é mencionado que a primeira conexão no Brasil era apenas à ambientes acadêmicos, mas que com o passar do tempo foi-se abrangendo mais âmbitos.
Foi nesse período que nasceu na USP o NAP EF/USP, com o intuito inicial de analisar as novas tecnologias de informação e comunicação. Já nos anos 2000, o projeto também passou a enfatizar os estudos da “sociedade em rede” e os “atores em rede”. Sobre isso, o artigo chama a atenção para o fato de que o crescimento do acesso à computadores e a internet possibilitaram mudanças na comunicação da sociedade brasileira.
O texto ainda traz dados de pesquisas sobre o uso de computadores e internet no Brasil, os dados são de 2010, e apontam que 39% dos brasileiros possuíam acesso à internet, oito anos após a publicação desse artigo, o IBGE (2019) apontou que 82,7% dos brasileiros possuem acesso à internet em casa, esses dados nos fazem analisar o quão rápido foi a disseminação da internet nos lares brasileiros, e consequentemente a mudança na comunicação dessa sociedade.
É evidenciado pelos autores que o NAP EF/USP preocupou-se exatamente em acompanhar a evolução da Cibercultura no Brasil. Além disso, a coordenadora cientifica do projeto, e também autora do artigo, traz a tona o conceito de duas ondas na sociedade em rede. O texto então, expõe, de forma didática, que a primeira onda possui um foco nas políticas de acesso e na diminuição da exclusão digital, algo muito comum em países emergentes como o Brasil. Já na segunda onda o foco é nas divergentes maneiras que o ambiente da web proporcionou à apropriação e produção do conhecimento.
A segunda parte do artigo encarrega-se das literacias digitais e da etnografia virtual. Os autores começam explicando que o termo literacia vem do inglês “literacy”, e que designa o significado de habilidades de uso de ferramentas de acesso da web e a interação dos sujeitos. Para abranger esse significado, o texto apoia-se em Gilster, que diz que a literacia digital não para na aquisição de habilidades, que também deve-se levar em conta o processo em que essas habilidades são inseridas no cotidiano dos sujeitos. Dessa forma, é mostrado que o termo “habilidade” não é totalmente satisfatório para dar sentido ao termo literacia.
É após os conflitos apresentados em relação ao termo literacia, que o texto aborda mais fortemente a questão do sujeito não ter apenas “habilidades” de uso das ferramentas, mas também de saber analisar criticamente as informações, saindo da neutralidade. Logo, os contextos vivenciados pelo sujeito passam à terem grande influência. E o aprendizado informacional torna-se importante para o fortalecimento da cidadania e da democracia.
Mais adiante, é abordado, apoiado nas ideias de Bruno Latour, a etnografia virtual, ou seja, a metodologia de pesquisa que utiliza a etnografia para estudar as comunidades virtuais. É nessa parte, que os autores explicam, de forma clara, que é a partir da incorporação da etnografia virtual que torna possível a compreensão das literacias emergentes na web. No final da segunda parte, é mencionado que essa emergência e suas constantes mudanças acabam causando problemas referentes aos registros, análises e interpretação dos efeitos.
Na terceira parte do texto, é exposto sobre projetos de intervenção na educação e cidadania. É abordado alguns projetos ao qual o NAP EF/USP desenvolve, dentre eles, o programa AcessaSP, que objetivava a inclusão digital e desenvolver o protagonismo digital, que era executado pelos Infocentros e os PoPAI’s. Também é apresentado o programa Rede EntreMeios São Bernardo do Campo, que possuía o intuito de promover a integração das TICs nas escolas públicas. O artigo ainda menciona o projeto Acessa Escola, que visava a inclusão digital e a autonomia de alunos de escola públicas estaduais de São Paulo.
A quarta parte do artigo disserta um pouco sobre o Observatório da Cultura Digital, que objetivava analisar, estudar e compreender o espaço da internet e a cultura que era criada, recriada e editada nesses ambientes, pautando suas metodologias na etnografia digital.
O artigo é finalizado com uma breve conclusão muito clara, pontuando que o NAP EF/USP esteve presente e atuante em diversos momentos importantes na história da Cibercultura brasileira. No momento em que o artigo foi produzido e publicado, o NAP EF/USP possuía um foco nos estudos ligados a web 2.0 e suas literacias emergentes.
Referências Bibliográficas
JUNQUEIRA, A. H.; PASSARELLI, B. A Escola do Futuro (USP) na construção da cibercultura no Brasil: interfaces, impactos, reflexões. LOGOS 34, v. 34, n. 1, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3zemoKF. Acesso em: 14 set. 2021.
PASSARELLI, B. Do Mundaneum à Web Semântica: discussão sobre a revolução nos conceitos de autor e autoridade das fontes de informação. DramaGramaZero, v.9, n. 5, out. 2008. Disponível em: https://bit.ly/3Aetpwe. Acesso em: 14 set. 2021.